Barbra Banda, 21 anos, é uma jogadora de futebol da Zâmbia que joga como atacante no clube chinês Shanghai Shengli e é a sensação da seleção feminina da Zâmbia, nos jogos olímpicos de Tóquio, no Japão.
Ela é a camisa 11 da Seleção de Zâmbia |
A seleção de futebol feminino da Zâmbia estreou nos Jogos Olímpicos sendo barbaramente castigada pela seleção da Holanda, que lhes aplicou uma sonora goleada, mas um dos grandes nomes da partida foi Barbra Banda. A capitã e atacante aguerrida, marcou nada mais nada menos que os três gols da equipe africana na derrota por 10 a 3 e justificou o porquê de ter desembarcado em Tóquio sob expectativas positivas. E foi no segundo jogo que essas expectativas se fizeram bem mais aparentes, quando da belíssima atuação de Barbra, que novamente deixou a marca de mais três gols, contra a seleção da China, no empate em 4 x 4, e no próximo confronto, o terceiro da fase classificatória, a Seleção da Zâmbia terá um adversário bastante indigesto, a seleção brasileira, da melhor jogadora de futebol do mundo, contra o Brasil, diante da estrela Marta, que poderá jogar para ultrapassar o recorde da atacante brasileira Cristiane (14 gols), como a maior artilheira dos Jogos Olímpicos e Barbra Banda terá a oportunidade de continuar escrevendo mais um capítulo da sua história.
Barbra deu os primeiros passos no futebol ainda em um campo de terra batida, nos arredores da sua Comunidade. Como não tinha condições de ter material esportivo decente, ela jogava quase sempre descalça. Foi com sua persistência que um dia chegou ao Green Buffaloes, clube local, depois jogou o mundial sub-17 pela seleção da Rainhas do Cobre (como é conhecido o time feminino de Zâmbia), quando tinha apenas 14 anos, foi quando resolveu adotar o futebol e esquecer o boxe; em 2018 disputou a Copa Africana de Nações e logo em seguida profissionalizou-se no futebol espanhol, defendendo o Logroño. Em2020, se transferiu para a China respondendo a convite para vestir a camisa do Shanghai Shengli, pelo qual foi artilheira da Liga Chinesa, com 18 gols. "Comecei a jogar futebol e não tinha nem chuteira. Não foi legal ver meus amigos calçando chuteiras e eu brincando descalça. Normalmente, assistia ao futebol feminino e me inspirava muito em outros times do mundo. Fui ao futebol para mudar minha vida, porque ficar sentada no complexo, às vezes, traz outros problemas para nós meninas”.
Barbra nasceu em Lusaka, capital de Zâmbia e o esporte surgiu para você, assim como não surge para muitos jovens que vivem em condições precárias e tem a
vida carregada de sonhos e poucas realizações e oportunidades. Joyce Nkhoma, que é mãe da jogadora, conta que deu o impulso para a carreira da filha, com o apoio do pai, para que ela
seguisse um caminho diferente de outras jovens da comunidade em que moravam.
"A razão pela qual coloquei a Barbra no boxe e no futebol é porque o
esporte é bom, ajuda os jovens. As meninas na comunidade carecem de atividades
esportivas” disse, justificando a ascensão da atleta.
Considerada por muitos como uma heroína no país, Barbra Banda, ela que é o grande nome da seleção da Zâmbia, que também já se destacou muito bem com o uso das mãos, quando se aventurou na carreira de boxeadora. Barbra praticou boxe por um longo tempo e até colecionou bons resultados em lutas amadoras, e que foi justamente o seu início de cartel, com as vitórias que, segundo a atleta, fizeram com que novas lutas ficassem mais difíceis de serem marcadas. "Há uma lutadora de boxe na Zâmbia, Catherine Phiri. Eu costumava observá-la. Então me inspirei nela e tive de tentar boxe. Comecei a treinar como amador, mas, então, os boxeadores amadores começaram a se recusar a lutar comigo porque eu não tive perdas no boxe amador", disse. Segundo informações do site oficial dos Jogos Olímpicos de Tóquio, a atacante venceu os cinco combates que fez como boxeadora.
No ano passado,
após a classificação de Zâmbia no Pré-Olímpico em que foi preciso superar as
seleções de Zimbábue, Botsuana, Quênia e, na final, contra Camarões, Barbra Banda
concedeu uma entrevista em que dizia sobre as expectativas para o torneio.
“Temos o objetivo de chegar às semifinais. Temos algo de especial. Acredito no
meu time e os adversários têm que estar prontos para nós.”
Barbra pratica o futebol raça |
E muito otimista prosseguiu: “Eu conheço o futebol.
Aquele que quer mais é que vai conseguir alcançar. Separadas não vamos a lugar
nenhum, mas unidas tudo é possível”, foi taxativa. No entanto, se disse
preocupada com o futuro do futebol feminino em seu país: “Todos se concentram mais
nos homens. Para nós, só olham quando temos bom desempenho. Não temos
patrocínio, mas vamos crescer aos poucos, com o tempo.”
Tanta confiança lhe rendeu a supremacia dentro do
elenco da seleção, de presente ganhou a faixa de capitã do time. Se dentro de campo,
os resultados da equipe não foram construídos, ela conseguiu ao menos mostrar
que o seu otimismo visionário de futuro, em entrevista concedida à mais de um
ano atrás, teve realmente um endereço os Jogos Olímpicos de Tóquio. “Sou jovem
e ainda estou me desenvolvendo. Quero estar entre as melhores, esse é meu
sonho. Deixar uma marca com meu próprio nome”.
Texto: Roberto Leal
Fotos: divulgação
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