APRESENTAÇÃO
*Blandine
Klander
Cruzei-me com o cota Roberto Leal, a 21 de julho de 2014, na União dos
Escritores Angolano. In Luanda-Angola/África, no lançamento do seu livro “C’alô
& Crônicas feridas”, deu-me a seguinte dica, amigo as palavras têm forças
de transformar as nossas vidas. De lá para cá tudo mudou. Foi assim que em 2015
nos juntamos na banda e organizamos uma Formação Básica em Criação Literária,
com a UBESC - União Baiana de Escritores/Brasil em parceria com a BIKS´ARTE,
contando ainda com o apoio do IMEL - Instituto Médio de Económia de Luanda, foi
bwe fixe trabalhar com o cota, aí estava um manancial pesquisador da Cultura
angolana, embasbacado pela música, dança, com o gingado das mboas, com a
pulugunza da mamoite zungueira, com as mbaias dos taxístas, com a criatividade
dos lotadores com o linguajar da tropa e com o piteu da banda, o pincho de
cabrité ou franguité.
Dar um papo recto sobre o Roberto Leal e o que o seu trabalho
contribui para o mundo é um prazer, provocador cultural, jornalista,
escritor, editor, caçador de talento, transparente e honesto, cota de fácil
acesso carismático, sua pilha artística é sem sombras de dúvidas um caso de
inspiração. Pois é, aqui está uma pequena dica do realizador de sonhos. “Quem
não lê pouco sabe, em nada opina só ouviu dizer!”. E agora nos prestigia com
mais uma obra de sua autoria. Este Dicionário de Angolês. É aliás, sugestivo e
demonstrativo da ambição de Roberto Leal... É-nos dado a ler um dicionário interessante de calão angolano, dialeto
local talvez, a voz das bandas se quiser. Dizer que calão, não é um dialeto
angolano, não é uma variante, não é língua oficial de Angola, calão é
gíria, uma linguagem criada por um grupo particular e posteriormente integrada
no conhecimento geral humorístico, usado em situações informais de comunicação
para dispersar quem não é da staff. Deduzo que o convite do zuca para
fazer a apresentação do dicionário tem muito a ver com a profunda irmandade que
tenho com ele, o camone tem sido uma grande inspiração, é uma porta aberta para
os novos fazedores da arte da escrita.
A importância do dicionário está no
armazenamento dessas informações que ficarão para o futuro da
Literatura angolana, quiçá para o mundo. Ao introduzir essas dicas parabenizo
Roberto Leal pela iniciativa e encorajamento, de valorizar o calão angolano. Um
trabalho desta natureza não pode ser feito sem reconhecimento, sublinhando
sempre a relêvancia na história para o povo angolano e afrikano de uma obra desta
natureza, e foi me dado a honra de participar desse trabalho desde o início das
pesquisas. Considero Roberto Leal um cidadão do mundo sem medo da
life, todavia, aquele que compulsa esse dicionário poderá
fazê-lo sem dikulu nenhum. Dicionário não trará apenas palavras como também
espiritualidade afrikana sobretudo angolana, trará o linguajar da banda mais
sublime na criatividade truta de Roberto Leal. O dicionário não só beneficiará
o mangolé como também a malta visitante e qualquer pessoa que queira conhecer o
calão que é falado in Angola.
Aqui vemos uma linguagem fora do sculão ou da fau em que pessoas vijú ou
tapadas poderão se encontrar e compartilhar a mesma ideia, no mbange, na
nguelé, no sculão, na fau ou mesmo em qualquer banda da ngimbi ou do gueto.
*Blandine
Klander nasceu na localidade de Ingombota, província de Luanda, in
Angola/África. Bacharel em Cinema e
Televisão, pelo IMETRO - Instituto Superior Metropolitano de Angola. Fez
Laboratório de Criatividade Literária, fez Formação Básica em Criação Literária
pela UBESC – União Baiana de Escritores/ Brasil. É escritor e poeta,
colaborador da revista angolana de Literatura & Arte Òmnira. É Actor,
Cineasta e Produtor, é Coordenador Nacional do Movimento Literário Kutanga.
Actualmente é Coordenador de Produção da Produtora Procinea Cinema e
Audiovisual.
A
Aca
ou aka – Expressão que
significa, de acordo com a entoação
ou situação: enfado; repugnância; surpresa; alegria;
alívio ou espanto.
Acabar
de matar – Carro em mau estado
de conservação, em más condições de
transitabilidade; carro em péssimas condições de trafegar.
A dar corda – Avançar.
A discutir – Modo de solicitar a baixa do preço de um produto. Pechinchar, como se diz no Brasil.
Administria – Ideia. Ex.: Qual é a sua administria, qual é a sua ideia?
Afobado – Com fome.
Agarrado
– Pão duro, diz do namorado que
não dar dinheiro a namorada. Pão duro; casquinha; canguinha. Pessoa que não gosta de dar
dinheiro, que não gosta de colaborar; podendo
ser chamado também
de Camoelo.
Água-do-chefe – Cachaça
feita em casa; aguardente
artesanal.
Aguentador – Pessoa que não gosta
de pagar dívidas; pessoa que resiste a pressão do cobrador.
Aiuê – Expressão de dor; de aflição; momento de tristeza.
Aí tem gato – Aí tem rolo.
Ajindungado – Temperado
com jindungo; picante; apimentado.
Ajuda-memoria – Aquele que responde sem o devido conhecimento do assunto.
Ajuda só – Me ajuda por favor; ajuda-me por favor. A palavra “só” surge dentro da Comunicação ver- bal angolana, no sentido de substituir à
expressão “por favor”.
Alambamento – Dote pago pelo noivo à família
da noiva, regra
geral em gado e outros
animais do- mésticos, vestes, mantimentos, como
também em dinheiro. O alambamento,
condição fundamental para tramitação
do noivado, é tratado entre as fa- mílias
dos nubentes, mesmo não se tratando do primeiro matrimónio. As regras variam ligeira- mente, de etnia para etnia, mas princípio
univer- sal, a família da noiva
obriga-se a devolvê-lo caso não se
verifique a consumação do casamento ou em
caso de divórcio. Também pode ser entendido
como “tributo de honra prestado pelo noivo à fa- mília da noiva”.
Alarido – Barulho.
Aldrabar – Enganar.
Aldrabão – Enganador; pessoa que mente.
Aldrabona – Enganadora.
Aleijar – Ferir; causar
ferimento; causar lesão corporal.
Altamente – Top; muito bom; excelente.
Amarrotar o miúdo – Bater no garoto.
Amigar –
Viver maritalmente; viver amigados.
Amigo
da onça – Falso amigo; amigo
aproveitador; aquele amigo: tudo
para si e nada para os outros; amigo
sanguessuga.
Amirou – Falou à toa; falou demais; falou besteira.
Andar
à buti – Andar a pé; perambular.
Angolano ou
angolense – Aquele que é natural; nativo
habitante ou que nasceu em Angola; mwangolê.
Angolar – Moeda angolana
antiga que circulou
en- tre os anos de 1928 e
1957 e foi recolhida no dia em 31 de
dezembro de 1959, quando começou a circular o Escudo.
Angolês – Uma mistura
de Calão com expressões e manifestações
verbais de diversas regiões; dialeto falado
nas comunidades de Angola. Uma criação do jornalista e escritor brasileiro Roberto Leal.
Ao
lume – Ao fogo.
Apagar o
maçarico – Morrer; falecer; bater a caçoleta.
Apanhar
– Receber; pegar. Ex.: Apanhei
uma malária e estou muito mal.
Apanhada – Coisa grande. Vou fazer uma apanhada.
Apanhadinha – Apaixonada (região
Sul).
Apanhadinhos – Coisa pequena. Vou a praça fazer uns apanhadinhos (Luanda).
Aparece aí – Cai na banda;
venha cá; chegue
ai.
Aparecedor – Aquele que gosta de aparecer; quem quer dar nas vistas;
exibido. Aquele que gos- ta de
ostentar.
Apertar
o cú – Desejar má sorte a outra
pessoa; conspirar contra
outrem.
Apetecer
– Despertar interesse; agradar;
cobiçar; pretender.
A processar – O mesmo que a andar, a adiantar, a avançar; a caminhar.
Aqueceu
– Esquentou o clima; ambiente
está pesado; os nervos estão
a flor da pele; estão de cabeça quente.
Armado em carapau de corridas – Armado em esperto; armado aos cucos. Aquele que se julga mais esperto que os outros.
Aranha – Ladrão; gatuno.
Arquiado
– Pessoa de pernas tortas;
podendo ser chamado também
de Cambaio.
Arca – Freezer horizontal.
Armado em justo – Metido a besta; falso santo; santinho; o bonzinho fingido.
Arrasca
– Pessoa que não tem namorado ou
na- morada; pessoa sem parceiro;
pessoa sozinha. As vezes quer dizer: aflição.
Arrefecer – Esfriar.
Arrombeu – Arroz.
Arroz de vidro – Arroz doce. Um tipo de arroz co- zido com açúcar.
Que no Brasil é muito usado para tomar
café da manhã, tipo um mingau, a base de leite
e açúcar, cravo e canela, chamado de arroz doce.
Asparvo – Tolo.
À sua cota – À sua mãe.
Aterrou – Aterrissou.
Atirou pedras
– Falou errado a palavra. É quando se fala uma determinada palavra de forma
errada em público.
Auá! – Caramba.
Autocarro – Ônibus.
Avariado – Estragado; danificado; quebrado.
Avilo – Amigo; como também dikamba;
companheiro; comparsa; confrade.
Azedou – Ficou feio; deu errado; não foi nada bom.
Azimbora – Vamos a isso; vamos fazer; vamos
logo
B
Babá ou Bongó – Soldado
ou Polícia.
Baba de camelo
– Doce típico angolano.
Babulo – Tem problema;
tem confusão; tem barulho.
Baçula – Derrubar o adversário, típico
do luandense.
Bada ou badalho – Caralho; algumas
vezes quer dizer
‘pênis’.
Badi – Policia.
Baga – Pênis;
pipito; pau; pissa,
pica.
Baglo – Comida.
Bago
– Grão de ginguba/amendoim e
outros, ex- tensivo a muitas frutas
também, como a goiaba; sementes. Ex.:
Eu preciso de uns bagos de goiaba para plantar.
Baica – Telemóvel; telefone.
Baio – Luta; baiar/lutar.
Bajú – Bajulador; puxa saco; lambe
botas.
Bala – Dinheiro. Também pode significar: Tudo bem! Ex.: Está tudo bala ou estou bala!
Balas – Bonitas.
Balar – Ato de lutar.
Balazo – Tiro; disparo; pipoco.
Baleizão – Gelado; sorvete.
Baliza – Limite.
Balo – Luta.
Bambucho – Gorducho; obeso; pessoa muito aci- ma do
peso normal.
Banana pequena não mata a fome – Homem de pau pequeno não satisfaz mulher.
Banda – Bairro;
comunidade; lugar de moradia.
Bandikó – Bandido.
Banga/dibanga
– Envaidecer-se; ostentação;
dis- tinção; as vezes elegância;
garbo. Causar sensação de vaidade.
Bangão – Vaidoso; estiloso.
Bange/n’banji – Significa casa. Ex: Estou no meu n’banji com a família.
Banzado
– Pensativo; assombrado;
espantado; as vezes maravilhado.
Banzar – Refletir; pensar. É um termo que vem do idioma Kimbundu “kubanza”.
Banzo – Espantado; assustado; assombrado.
Banzelar – Velar;
apreciar.
Banzelo – Pausar; descansar; ficar a vontade em casa.
Barra – Ignorar;
desprezar.
Barrar – Negar; afastar;
colocar barreira; colocar
dificuldade para não acontecer.
Barreguinha – É um tipo de veste
feminina em
que a barriga
e o peito ficam de fora.
Barona – Mulher.
Bassula – Arte marcial angolana;
também o mes- mo que chapada ou bofa; bofetada.
Bate bola baixa – Mantenha
a calma; relaxa;
fique
quieto; se mantenha
tranquilo.
Bate-chapas – Pejorativo para fotógrafa.
Bater a
caçoleta – Morrer; falecer; perder a vida. Como também “bater
as botas”.
Bater
na rocha – Dar errado; bateu na
rocha, deu errado. Não ter sucesso;
falhar na execução de um determinado
objetivo; falhar em um determinado projeto.
Bater palas – Mostrar respeito; mostrar ter consideração.
Batucada/batuque – Ato ou efeito de batucar; fazer batuque;
uso da percussão para animar festa é batuque; como também dança ou festa com
batuque.
Batucar
– Bater com as mãos em qualquer
objeto em um ritmo cadenciado; bater
em mesa tirando música, tocar
instrumento de percussão; diz também de coração acelerado.
Batuque
– Som produzido pelo instrumento
de percussão; som percussivo; nesta
conformidade, as danças obituárias
não constituem, uma forma de
manifestação mundana, como se julgam, mas na
verdade é uma forma de expressão religiosa… Respeitando-se
os óbitos, os batuques, podem durar muitas noites, até mesmo semanas.
Bauca – Poeira que cola no pé; ou mesmo pele es- branquiçada.
Baza – Cai fora; sai; vai embora.
Bazamos – Saímos.
Bazar – Eu vou bazar / eu vou sair.
Bazeza – Tolo; bobo; idiota.
Bazo – Saio; vou embora;
me retiro do local.
Beber
água do cú lavado – Beber uma
água preparada, daquelas que deixa
qualquer um homem caidinho de amores.
Diz-se de água coada na calcinha
usada da mulher para apaixonar o marido, namorado ou amante.
Beber umas
birras – Beber umas cervejas; beber umas Beer.
Bebucho – Gordo.
Bebucha – Pessoa
gorda; obesa.
Bedelho – Intrometer-se.
Bemba – Feitiço.
Bem haja – Está numa boa; está tudo bem.
Bengo – Província de Angola.
Benga – Bom; fixe; algo bom; coisa boa; uma excelente acção.
Benguela – Província de Angola.
Bessanganas – Grandes
damas que veste trajes de panos
africanos, se distingue pelo modo tradicio- nal
de se vestir. São naturais da Ilha do Cabo ou
Ilha de Luanda e são senhoras de família da velha sociedade luandina. Expressão originária da língua nacional Kimbundo.
Besugo – Um branco
saloio.
Betume
– Quantidade grande de maquiagem
no rosto. É quando as mulheres vão
sair e exageram na maquiagem, que é comparada a betume.
BI
– Bilhete de identidade,
documento de identificação; cédula
de identidade.
Bibi
– Camisa; t-shirt; chamam também
de ‘camisola’.
Bicanjos –Aldeias; ou subúrbios.
Bichinho do
mato – Pessoa muito calada, muito quieta;
pessoa muito acanhada.
Bidon
– Garrafão plástico; garrafa
plástica grande reutilizável.
Bié – Província de Angola.
Bifar
– Abusar; perturbar; tirar do sério; tirar o sossego.
Big – Musculoso; grande; o halterofilista.
Bilingui – Mentiras;
trapaças.
Bilo – Briga; luta; contenda,
discórdia.
Biólo – Serviço oculto; venda de artigos escondi- do; trabalho rápido,
secreto ou ilegal.
Bilada – Funge de Bombó.
Bina – Bicicleta.
Biricoca – Cerveja.
Biritoso – Pessoa
muito orgulhosa.
Birra – Cerveja, também chamada de “bitola”.
Biscato – Serviço rápido; trabalho temporário.
Bisnar – Roubar;
mentir.
Bisne – Coisa.
Bisnei – Menti. De bisnar,
de mentir.
Bisno – Fazer negócio
clandestino; diz-se também
de roubo.
Bikini – Cueca; calcinha. Escreve também ‘biquíni’.
Bitola – Cerveja; também chamada de birra.
Biva – Casa; morada; apartamento; residência.
Boda – Festa; diversão; até mesmo convívio.
Bodar – Fazer
festa; comemorar com festa.
Boelo – Burro; abobalhado; pouco esperto; pateta; pessoa com uma interpretação lenta.
Bofa – Bofetada; o mesmo que “Chapada”.
Bofocar – Triturar
objetos.
Boiado – Bêbado; embriagado; alcoolizado.
Boelos – Ridículos; fora de moda; ultrapassados.
Boélo – Burro; bobo;
pouco esperto.
Boléia – Carona; transporte gratuito no veículo
de outra pessoa.
Bomba – Informação ou um assunto fantástico; algo chocante. Pode ser também um telefone usado e com defeito. Ex.: Esse telefone está uma bomba.
Bombó
– Pedaços de mandioca
descascada. Depois de fermentada ou
seca, é moída ou pisada, fazendo a
fubá de bombó; farinha usada como in- grediente principal do Funge/funji.
Bombo
molhou – Se deu mal; deu errado.
Bondar – Matar.
Bongololô
– Aquele que vive abusivamente
em casa de outra pessoa; pessoa que
vive de favor em casa alheia,
muito em moda isso em Luanda.
Bonho – Uma ofensa; repreensão; chamada
de atenção.
Bonhonho – Palavras e/ou discursos inúteis;
falá- cias sem importância; falas sem sentido.
Bookar – Estudar.
Borrachos – Crianças. Ao invés de dizer: esses são crianças, pode-se dizer: esses
são borrachos.
Borrifado – Não se interessar por algo.
Boss
– Chefe; patrão.
Botecom
– Botequim; barzinho de
qualidade hu- milde.
Boxa
– Cueca masculina.
Brada
– Amigo; camba;
wi.
Brazuca – Brasileiros que moram em Angola; tam- bém “zuca”.
Breda
– Pão.
Broa
– Erro; pão ou biscoito feito de
farinha de milho.
Broche
– Mulher fazendo sexo oral no
homem; é quando a mulher chupa
o pênis; mulher
lambendo pissa e introduzindo na boca.
Broto – Bonito (a). Bruxado – Enfeitiçado. Buamados – Espantados.
Buateira
– Fofoqueira; fuxiqueira.
Futriqueira, o mesmo que “leva e
traz” em algumas regiões do Brasil.
Buba – Telefone;
telemóvel.
Bué ou bwê – Muito.
Bué de coisas ou bwê de coisas – Muitas coisas.
Buelo - Ridículo;
fora de moda; ultrapassado.
Bufa – Peido.
Bufo
– Pessoa que escuta a conversa
dos outros para espalhar; pessoas
mandadas pelos políticos para combater inimigos.
Bufunfa – Muito dinheiro.
Bukar – Estudar; revisar;
ler lições de uma aula.
Bujão
– Significa coisa ou algo
grande, mas pro- priamente quando se
refere a bebida ou comida. Ex.: Eu comi um bujão de biscoitos.
Bulir – Trabalhar.
Buluzento – Burro;
lento; medroso.
Bumbar – Trabalhar; ocupar-se.
Bumbo – Negro; preto; também chamado ‘grunho’ (modo depreciativo).
Bwengueta – Diversão; vadiagem; vagabundagem.
C
Cabaz
– Cesta básica; cesta de natal;
logística alimentar oferecida
pelas empresas nas vésperas das festas.
Cabeça-água: Falta de inteligência, de conheci- mento,
de astúcia.
Cabeça
de peixe ou Cabeça de pungo –
Alcunha ou vulgo, como são conhecidos
os nativos, os na- turais habitantes do distrito de Moçâmedes,
na província do Namibe. Conhecidos
habitantes que derivam da pesca.
Cabeça de ginguba – Cabeça de amendoim.
Cabelo cru – Cabelo natural.
Cabinda – Província de Angola.
Cabo Snoop – Músico
angolano.
Cabrité – Churrasco
feito na rua, de carne de cabrito.
Cabuenha – Peixe pequeno seco.
Cábular – Copiar algo de alguém;
copiar outra pessoa; serve também para quem responde
sem conhecimento de causa.
Cacete – Madeira para dar cacetada.
Cacimba – Cisterna; poço de água.
Cacimbado
– Aquele que sofre de
perturbações psíquicas, mormente
dos traumas provocadas pela guerra; neurótico; perturbado; triste. Diz-se da pessoa que enlouqueceu. Diz-se da
pessoa que enlouqueceu; enlouquecido.
Cacimbo – Estação das chuvas; inverno;
chuva miudinha, orvalho,
relento; época das chuvas. As- sociado
a inverno ou a nevoeiro. Dependendo da região.
Caçula ou caçule – É o filho mais novo.
Cacute – Pessoas pobres; pessoas de camada baixa
da comunidade; pessoas que não se vestem bem.
Cada caranguejo
no seu lugar – É como dizer “cada macaco no seu galho”.
Caenche
– Musculoso; homem musculoso;
forte; malhado.
Cafeco – Mulher jovem;
mulher adolescente.
Cafricar – Apertar o pescoço; engasguelar; estrangular.
Cafuné
– Carinho que se faz na cabeça
de alguém; um afago na cabeça com o
cabelo por entre os de- dos fazendo
carinho.
Cagá – Defecar;
fazer cocô; cagar.
Cagaço – Muito medo.
Cair na noite – Ir à festa; baile, boate ou discoteca.
Caiu da mota – Pessoa
com VIH/SIDA.
Calão
– Gíria; língua falada por um
determinado grupo.
Calcinha – Pessoa cheia de não-me-toques.
Calema – Agitação marítima; confrontar.
Calhar – Ao acaso; acontecimentos por acaso; algo que
acontece por caso. Ex.: Se calhar você vai quebrar a cara.
Calhau – Pessoa com pouca capacidade.
Calina – Calça.
Calitoco – Moço bonito.
Calongondjó – Pés de galinha.
Calonjanda
– Diz-se de pessoas que tem os
pés tortos; pés abertos virados
para fora.
Calulú
– Prato típico da culinária
angolana. Bem temperado, feito à base
de quiabo e peixe, prato típico à
base de peixe ou carne, tendo como ingre- dientes
a cebola, o tomate, pau-pimenta, folha de louro,
jindungo, couve, quiabo, beringelas e óleo de
palma, com farinha de trigo para engrossar o
molho, servido acompanhado de arroz.
Calundu – Espírito de elevada hierarquia.
Camacouve
– Comboio de carregamento de
mer- cadorias que fazia paradas em
todas as estações transportando
correio e materiais de utilidades diversas.
Camanga – Diamantes.
Camanguista – Comerciante de diamantes.
Camapunho – Pessoa desdentada dos dentes da frente; banguelo (como se diz no Brasil).
Camba ou Kamba – Amigo; dikamba; wi.
Cambuta – Pessoa de baixa estatura; baixinho.
Camone - Amigo chegado; Brada; camba; wi; camarada.
Campônia – Pejorativo para camponês.
Camucado – Um bocado, muito de alguma coisa.
Camueca – Mal-estar; doença; doente.
Camundo – Lugar pequeno; um pequeno lugar.
Camundondo – O natural
de Luanda; conhecido
também como Rato.
Candengue
– Criança, miúdo, rapaz; o irmão
mais novo. Novato.
Candonga – Veículo de cor azul e branco,
utilizado
como táxi.
Candongueiro – Taxista; pessoa que dirige táxi;
motorista de transporte alternativo.
Cangalho – Carro velho.
Cangonha – Liamba;
maconha; cannabis sativa.
Cangulo – Carrinho
de mão.
Canhangulo – Arma antiga de fabricação caseira.
Caniche – É cão pequeno
peludo.
Caniço – Cana delgada.
Canjunjar
– Aplicado geralmente a comer
aos bo- cadinhos; comer aos poucos.
Canuco – Pessoa de pouca idade; jovem do sexo
masculino.
Canuca – Garota; pessoa
de pouca idade;
jovem do
sexo feminino.
Capanga – Esbirro; guarda-costas; indivíduo
que faz a segurança pessoal
de alguém.
Capina – Capinação; ato ou efeito de capinar; desbaste
do capim.
Capinar – Cortar o capim; limpar o
terreno de capim; aparar
a grama.
Capinzal – Terreno
coberto de capim.
Capixe – Entendeu.
Capuca – Puto sujo.
Capunga – Tranças feitas no cabelo; tranças traba- lhadas
no cabelo.
Caputo – Português; a Língua Portuguesa; aquele ou o que pertence
ou se refere a Portugal.
Cara de cú à paisana
– Cara de traseiras de tribunal, cara de poucos amigos.
Carcamano – Sul.
Cardina – Bebedeira; pifão; pifoa, peruca;
piela.
Cariango – Biscato.
Carrinha – Caminhonete.
Carreiro – Caminho
estreito aberto no mato.
Casa de banho – Banheiro;
sanitário; wc.
Casa de pau-a-pique – Cubata
feita com paus/
madeiras e barro.
Casqueiro – Pão.
Cassanje – Vale na região de Malanje, a zona da plantação de algodão angolana.
Cassapuló - Bicicleta dos velhos.
Cassúmbula
– Tirar o que pertence ao outro;
ti- rar a coisa do outro, jogo infanto-juvenil de se tirar
coisas. Ex.: O Luís foi cassúmbulado o brinquedo.
Casoile – Casamento.
Catana – Facão comprido e largo. Ferramenta usa- da pelos agricultores e adotada como arma durante o período escravagista português.
Catato
– Bicho e/ou Insetos rastejantes
e comes- tíveis.
Catatua – Arara.
Catorzinha – Adolescente de 14 anos de idade, do
sexo feminino.
Caular – Comprar.
Cavalo maluco
– Estilo de música angolana
ligada ao estilo Kuduro.
Caveneno
– É um tipo de sumo/suco que
pela sua composição química
prejudica gravemente a saú- de.
Cavúla – Mulher tchingandji.
Caxicar – Se dirigir a alguém, quando não se falam.
Caxico – Criado.
Cazucuteiro
– Pessoa problemática; Pessoa
que faz mal as coisas;
quem não faz as coisas certas.
Cazumbi
– Alma de um antepassado; alma
penada; espírito errante; feitiço.
Celha
– Pipo de vinho cortado ao meio,
e que servia para se tomar banho ou
para lavar roupa; barril de madeira cortado ao meio.
Censurar – Revisar.
Chafarica – Pequeno estabelecimento.
Chainada – Mulher atraente; mulher charmosa.
Chalé – Quarto.
Chamador
– Pessoa que chama passageiros,
convida e ajuda os passageiros a
embarcar em táxis e autocarros.
Chamou-me
nomes – Xingou-me; faltar com o respeito;
direcionou palavrões a minha pessoa.
Chanfrada – Doida; maluca;
desmiolada.
Chapada – Bofetada; tapa.
Charuto
– Alimento de pastelaria e frito
a base de trigo, leite e
açúcar.
Chata – Um tipo de barco.
Chatete – Nariz achatado.
Chávenas –
Xícaras.
Cheio de pong – Cheio de estilo.
Chibado – Bêbado; embriagado; alcoolizado.
Chibo – Delator; o que denuncia; alcagueta.
Chicoronho – Natural de Sá da Bandeira.
Chinganjis ou Tchinganjis – Homens vestidos
com fatos feitos de palha e outros materiais, com máscaras e que diziam ser sobrenaturais.
Chingue – Cubata, palhota. Em algumas circunstâncias era uma aldeia de palhotas.
Chipala – Cara; face; rosto.
Chiprulento – Pessoa ciumenta.
Chispe – Carne de porco na salmoura.
Chitaca
– Fazenda; roça.
Chitaqueiro – Dono da chitaca; fazendeiro; roceiro.
Chobota – Vagina; buceta; cona; órgão sexual feminino.
Chobotice – Gozar; orgasmo;
falta de respeito;
ousadia.
Chorar lágrimas de crocodilo – Chorar falsas lágrimas; choro fingido.
Chiró-bico – Pontapé; agressão com o uso do pé para espancar.
Chuimga – Chiclete.
Chulador (a) – Dono (a) do dinheiro de alguém; pessoa que costuma mandar no dinheiro alheio.
Chular – Gastar muito do bolso do outro, sem participar;
se aproveitar da bondade financeira do ou tro; depender apenas do outro para fazer
gastos; aproveitar-se financeiramente de outro.
Chulo
– O mesmo que Pacheco;
aproveitador; interesseiro; oportunista.
Chumbar
– Ser reprovado em um teste; em
prova de classe; no ano acadêmico,
ou em um curso; reprovar no Colégio
no final do ano.
Chumbo – Tiro; disparo
de arma de fogo.
Chupar – Beber; lamber.
Chupar dedo – Falta de dinheiro; descapitalizado; sem dinheiro; sem divisas. Podendo também ser usada para retratar a ausência de alguma
coisa. Ex.: As crianças estão
a chupar dedo,
não tem nada para comer em
casa.
Chupar
ranho – Relativo à pessoa pouco
ousada; que perde oportunidades; pessoa
desinteressada.
Chupeta
– Bebida alcoólica; cachaça;
aguardente. Também bebida do chefe.
Relativo à pessoa que consome álcool de forma excessiva. Ex.: Mario chupa pra valer, quer dizer que Mario bebe muito.
Churrasco – Frango assado
na brasa.
Ciente
– Pessoa que faz uso de
substâncias psico- trópicas; viciado em drogas.
City
– Cidade;
capital.
Cobele – Cobrador de transporte terrestre; troca-
dor de transporte coletivo; cobrador
de taxi cole- tivo.
Coça
– Bom.
Coiso
– Denomina qualquer coisa. Uma
palavra curinga, serve para qualquer
coisa, pessoa e muitas vezes até
usada como verbo.
Coloca Puzi – Fazer uma pose para fotografia; fazer determinada posição para ser fotografado.
Com a boca na botija
– Pego em flagrante.
Comando – Controle
remoto.
Comba – Velório na casa do morto em que se come e bebe.
Comboio
mala – Comboio do Caminho de
Ferro de Benguela que transportava os
passageiros en- tre a cidade do
Lobito e Vila Teixeira de Sousa, mais tarde Dilolo.
Comida fofa – Bolo ou pão, com leite.
Compincha – Cúmplice.
Composito
– Espécie de catálogo com fotos;
book de modelos e agências.
Comuna – Comunidade, bairro.
Cona – Vagina;
buceta; a genitália
feminina.
Conduto – Molho para acompanhar o pirão; berera.
Confartador – Aquele que confarta; aquele
que falta ao respeito
a outrem.
Confartar – Desrespeitar; faltar com o respeito.
Confusionista – Confrontador; que gosta de con- fusão;
pessoa complicada.
Contentor – Container.
Contributo – Contribuição, colaboração.
Coopera – Cooperante, as vezes qualquer branco não português.
Corno – Traição; quando se é traído pelo conjugue.
Corrupio – Rodopiar; andar à volta de algo.
Coscuvilhar – Bisbilhotar; espionar; espreitar.
Cota – Pessoa mais velha; os mais velhos.
Cotótó – Unha de fome;
forreta.
Coxear – Mancar.
Coxito – Bocado.
Cuando Cubango – Província de Angola.
Cuanza ou Kuanza – O grande rio de Angola.
Cubar – Morrer.
Cubata – Casebre de barro seco, coberto de palhas de capim seco, folhas de palma ou mateba.
Poden- do ser também de tábuas de madeira ou de chapas
metálicas. Podendo a cobertura, principalmente nas zonas urbanas, serem de zinco.
Cubico – Pequeno cômodo;
casa pequena; quarto.
Cubículo – Dormitório.
Cubou
– Morreu. Ex.: Fulano cubou,
fulano mor- reu.
Cuca
– Cerveja mais popular de
Angola; marca de cerveja.
Cucu – Cunhado ou cunhada.
Cuiar – Bom ou boa. “Essa comida está cuiar/Essa comida
está boa”.
Cumé Kié – Como vai; como está?
Cunene – Província de Angola.
Cunga – Trabalho. Eu vou a cunga, eu vou ao trabalho.
Cungar – Trabalhar.
Cuno – Sexo; ou até mesmo mulher que deita com qualquer um.
Cúria – Comida; refeição.
Curibota – Fofoqueiro.
Curibotisse –
Fofoca.
Curtir o banzelo
– Ficar relaxado;
calmo; em reflexão.
Cuyuyu – Muito bom.
D
Dama – Mulher; esposa; namorada.
Dá-me licença
que o tope – Expressão usada na gozação, pondo os dedos indicador e médio
em círculo, no olho.
Dá-me
só – Me dê por favor; me dar por
favor. A palavra “só” surge dentro da
comunicação verbal angolana, no sentido de substituir a expressão “por favor”. A palavra SÓ surge muito na
comuni- cação angolana. SÓ vem para
substituir a palavra por favor
Damo – Namorado; marido.
Dar bandeira
– Se borrar; fazer-se
passar vergonha; pagar mico.
Dar bico – Dar pontapé.
Dar cabo – Destruir; dar fim.
Dar corda – Avançar.
Dar graxa – Enaltecer de modo exagerado ou falso.
Dar o gás – Fugir; correr.
Dar pala – Reconhecer o mérito; dar moral a quem merece.
Dar pilha – O mesmo que encorajar; influenciar a
não desistir; incentivo
a enfrentar.
Dar tímpano – Dar ouvidos.
Dar uma nega – Negar uma coisa ou situação.
Dar uma Kapa – Fintar
o adversário jogando
bola.
Dar volta – Enrolar; desconversar; não querer ajudar.
O mesmo que: dar barra.
De borla
– De graça.
Deitou fora – Jogou fora; jogou no lixo.
Deitar fora – Jogar fora; jogar no lixo.
De
mais breve – Realizar acções
rápidas; fazer imediatamente;
realizar com a maior brevidade possível.
Desaustinado – Desnorteado.
Desbobinar
– Falar com raiva segredos
íntimos de uma pessoa.
Descabeceando – Cochilando; batendo
pestana.
Descaída – Descida; ladeira.
Descalabro – Desgraça;
prejuízo; dano; ruína; derrota.
Desconseguir – Não conseguir.
Desenrascate – Resolva-se.
Despedimento – Demissão.
Deu caldo – Morreu.
Diarra ou diloba–Diarreia.
Diavulo
– Ultrapassagem.
Dibengo – Ratos pequenos;
camundongos; ratos calungas. Termo que vem do Kimbundo.
Dibinga – Fezes; cocô; bosta; excremento humano ou animal.
Dibinza – Fome; pobreza; miséria. Ex.: Estou na dibinza wi.
Dica – Boa notícia; pode ser também algo sigiloso.
Dicar – Paquerar
uma mulher.
Difáia – Fosforo;
isqueiro.
Dikindu
– Ameaça.
Dimbado
– Marcado; traçado. Ex,: não vou
mais ali, estou muito dimbado;
muito marcado; estão de olho em mim.
Dioba – Fome.
Diobado (a) – Faminto;
com muita fome.
Diogar – Vomitar;
fazer vomito.
Diogo – Vomito.
Dipanda – Independência.
Dikulu – Problema ou confusão; algo complicado ou muito sério; grande problema.
Direito
– Seguir em frente, ao conduzir,
se você disser para um angolano ‘vá
direto’, ele entra a di reita.
Disparate – Um absurdo;
fora da realidade.
Divo – Nome da revista fictícia
da novela Windeck.
Dizumba grande – Problema
grave; o mesmo que Maka.
Doce
de Natas – Pastel de Belém.
Dois paus, cinco paus – Dois mil; cinco mil kuanzas.
Dois
e quinhentos – vinte e cinco tostões.
Dois
patinhos marrecos – 22
Do país
– Prostituta; vagabunda; garota
de programa.
Dos
fardos – Das feiras.
Dozoutros – Dos outros;
de outros.
Dreda – Que agrada
ou tem qualidades positivas.
Dreidy – Pode servir
para chamar um amigo. Chamar
uma pessoa singular ou representar pronomes demonstrativos. Ex.: Ei Dreidy!
Drena – Festa; balada.
Ex.: Vamos numa drena, vamos em uma
festa.
Dunta
– Motorista.
Duma
– Farda.
Dumado – Fardado.
Dzumbamalaica – Mau hálito; também pode ser
chamado de “Kibuzu”.
E
É-de-leve – Tudo bem; tudo sob controle; vai se resolver.
É febele
– Não tem força.
É mambo básico
– Está tudo sobre controle; há de se resolver.
Embrulhada – Confusão.
Emproada – Vaidosa.
Enervar – Perder
a calma; ficar nervoso; se irritar.
Engates – Conquista; paquera.
Engonhar – Demorar
muito tempo a fazer algo.
Engraxador – Bajulador; interesseiro; lambe bo- tas.
Epah
- É uma forma de interjeição que
é usada para representar admiração ou decepção.
Entalar /entalou – Engravidar/engravidou.
Escadinha – Degrau de escada.
Escobolar
– Fintar; driblar; passar pelo
adversá- rio usando a bola no futebol.
Escusa – Desculpa.
Escuta
só – Me ouve por favor; me
escuta por fa- vor. A palavra “só”
surge dentro da Comunicação verbal angolana, no sentido de substituir a expres- são “por favor”.
Esganado – Esfomeado.
Esmirrar – Gozar; o prazer do ato sexual.
Espera – Manteiga,
o mesmo que “mamela”.
Espezinhar – Humilhar; desprezar.
Espirra canivetes – Pessoa muito magra.
Esquadra – Delegacia de polícia.
Esquebra – Aditivo que se faz à compra feita em mercados informais.
Está a pipocar – Está na moda.
Está me fofar – Não me viste bem; não me viu aqui?
Está na lona – Estar sem dinheiro; exausto; gasto; pobre; sem recurso.
Está n’uma – Está bem; está numa boa.
Está puan – Está gravida; está gestante.
Está teketar – Tem medo; está com medo.
Está tudo sobre rodas – Está tudo bem; tudo a deslizar.
Está de rastos – Está cansado; está exausto.
Estafeta – Entregador.
Estalo
ou Pancada – Significa uma
mudança repentina de comportamento. Ex.: deu-me um estalo e beijei aquela moça; me deu um estalo e
mandei se lixar.
Estar
em ás – Estar só.
Estar payado – Estar à deriva;
sem rumo; sem sorte.
Este madié chupa pra caramba
– Este gajo bebi muito.
Estender – Lhe estenderam; abandalharam-no.
Esticão – Quando se leva um choque elétrico.
Se leva um esticão.
Estoque de baldas – Estoque
de fuga ao trabalho.
Estou n’uma cebola – Estou n’uma boa; estou muito bem.
Estreito (a) – Homem magro; mulher
magra.
Expedita – Aquela que age de forma ágil; hábil; ativa;
diligente; desembaraçada.
F
Fabú – Militar.
Falida – Emprestado; usar algo emprestado de alguém, usar de falida.
Fatigar
– Acabar contigo; prejudicar a vida
de outra pessoa.
Fatiota – Traje.
Fato – Paletó;
terno.
Fato completo – Terno e gravata.
Fau – Faculdade.
Fazer capiango – Fazer gamanço; rapinar.
Fazer o bolso – Necessidade de se ter algum di- nheiro para cobrir despesas.
Feijão kalongupa
– Feijão encarnado.
Feijão macunde – Feijão-frade.
Ferrar – Descansar. Ex.: Pode ir ferrar; pode ir descansa.
Fezada – Sorte.
Fífias – Mentira;
arranjos falsos; coisas
falsas.
Figas – Amuletos.
Finingó – Magro;
fininho; estreito; magrelo.
Finória – Mulher fina; mulher estreita; mulher magra.
Fio – Corda; corrente de ouro, prata ou bijuteria. Também vale para, varal; corda de estender roupa.
Fixe – Legal;
simpático; divertido.
Flipado – Perder a serenidade de forma repentina.
Flipar – Saltar; virar; muito zangado ou muito en- tusiasmado.
Fobado – Esfomeado; estar com fome; faminto; na penúria alimentar.
Fogareiro – Objeto
de ferro para cozinhar.
Fogo – Tiro; lume.
Foi corneado ou corneada – Foi traído
ou foi traí- da.
Foi kangado
– Foi pego; foi detido;
foi preso.
Franguité – Pedaços de frango assados na brasa,
vende nas ruas. Também chamado
de frangalhada.
Frigorífico – Geladeira; geleira; freezer.
Frucuta – Dinheiro; money; kumbu.
Fuba – Farinha de milho; farinha moída em grão muito fino, a partir de batata-doce; da mandioca; damassambala, do massango ou milho. Farinha de bombó; farinha de mandioca fermentada. Farinha de quindele; farinha de milho.
Fubada – Funge; também chamam de ‘bilada’.
Fubeiro
– Comerciante que vende fubá;
pessoa ralé.
Fugueiro – Funcionários, alunos e professores que faltam com as suas obrigações educacionais.
Funjada
– Funje com um bom conduto;
funje com um bom acompanhamento.
Funje
ou funge – Massa cozida angolana
de fari- nha de fuba de bombó; pasta
de farinha de man- dioca. Prepara-se batendo ou amassando
a farinha com o luico, em água a ferver, até que a
massa ga- nhe consistência.
Funjitos
– Massa cozida de fubá de
mandioca ou de milho.
Futucado – Chateado; bravo;
irritado.
G
Gabarola
– Pessoa de muita conversa
bonita, se achando que sabe tudo; o faz tudo que no final das contas
não faz nada. É tudo papo furado;
uma pessoa mentirosa; pessoa
conversadeira.
Gabiru – Malandro; vígaro;
sacripanta.
Gajos
– Rapazes.
Galar
– Olhar sedutoramente para
alguém; olhar com desejo;
dirigir olhar melindroso para alguém.
Galar – Ver. Ex.: estive lá na banda e não te galei.
Gamar – Roubar.
Gâmbias – Pernas
altas.
Gandulo – Malandrão.
Ganza – Estado
de êxtase; entrar
em êxtase.
Garimpar – Traição.
Garina – Mulher; esposa.
Garla –
Gatuno; ladrão.
Garrado – Mão de vaca; aquele
que não dá dinhei ro.
Gelado – Sorvete.
Geleira – Geladeira.
Giba – Doença
inflamatória do peito.
Gimola
– Pedir dinheiro ou bens de
consumo nas ruas. É um termo que vem
do Kimbundo, significa Pedir esmola.
Ginbaço – Feitiço (região
do Uige).
Ginguba
– Amendoim; mais conhecido
também como macoca, quifufutila
ou quitaba.
Gira
– Bonita; linda.
Giro – Passear; dar um giro.
Gombelar
– Violar; estuprar; sexo sem
consentimento.
Gonga – Gavião; ave de rapina.
Grego – Bandido; marginal;
delinquente.
Grifeiro
– Vaidoso; aquele que se veste
bem; homem muito bem apresentável.
Grife – Roupa de marca ou de alta qualidade.
Guarita – Segurança.
Guetão – Bairro.
Guimbi – Local de origem;
lugar onde nasceste.
Guimbo aguado – Pouco inteligente; fraca de mentalização; de pouca mentalidade.
Guita – Dinheiro.
Gulhar – Ser prejudicado. Ex.: Eu não vou lá não, porque assim vou me gulhar.
H
Huambo – Província de Angola, antiga Nova Lisboa.
Huila – Província
de Angola.
Homem com batata – Homem musculoso; homem malhado;
homem forte.
I
Imbambas – Tarecos;
as coisas de dentro de casa.
Improviso – Mentira;
hipnose.
Intrujão – Intruso
nas conversas alheias.
Inganazambe – Deus.
Ineré – Energia.
Inuvé – Está tudo bem.
Iputa – Pirão.
Ir àtuje – Ir a outra parte.
Ir aos gambuzinos – Partida feita a um novo morador.
Ir pastar caracóis
– Ir pentear
macacos; ir chatear outro.
Isto não é Congo – Expressão usada fazendo alusão as confusões naquele
País.
Isto não é da mãe Joana
– Aqui não é a casa da sogra.
J
Já está – Quando o objetivo foi alcançado.
Jajão – Mentiroso; também pode ser usado para dizer “mentira”.
Jarda – Nádega avantajada; bunda grande; rabo
avantajado.
Jardada – Mulher de bunda grande.
Jibar – É dar com força; bater com força.
Jibó – Vagina.
Jiboiar – Cochilar; relaxar, “ficar de papo para o ar”.
Jikulumessu – Abrir os olhos/de
olhos abertos.
Jindungo ou Gindungo – Espécie de pimenta muito aromática e de forte ardência,
utilizada na confecção de molhos
picantes. Fruto do jindun- gueiro;
fruto da pimenteira. Molho de pimenta ca- seira; picante.
Juado – Doido; ousado; sem vergonha. Ex.: Você é bwê juado.
Jurumemo – Juro mesmo.
K
Kaenche
– Homem que pratica
fisiculturismo, levanta peso; homem
com peitoral e tórax avantaja do; homem malhado; homem musculoso.
Kaipirinha – Licor artesanal.
Kalamambunda – Whisky; aguardente caseiro (região Centro Norte de Angola).
Kaleluia – Moto triciclo; moto de três rodas que faz serviço de táxi (Sul de Angola).
Kamabuim
– Pessoa faltando alguns dentes
na boca; pessoa banguela; pessoa desdentada.
Kambambarote – Moto triciclo, que faz serviço de táxi no Kwanza Norte.
Kambwá – Cão; cachorro.
Kandanju – Dar um abraço;
abraçar.
Kangar – Agarrar;
pegar; prender; deter.
Kanguinha – Mão de vaca, sovina; agarrado; casquinha; mão de figa.
Kangulu – Carrinho de mão para transporte de carga (Sul de Angola).
Kapuka – Bebida destilada artesanalmente e com alto
teor de alcoólico.
Kapures – Amante; ficante; pessoa que namora sem compromisso.
Katá – Desculpa
esfarrapada, mentira.
Katambi – Óbito; enterro; exéquias; honras fúnebres.
Katopola – Whisky; ou aguardente caseiro
(Sul de Angola).
Kazola
– Sorte; algo conseguido de mão
beijada; quando se consegue algo sem o menor esforço.
Kazukuteiro – Brincalhão; cara alegre; aquele que é o ‘bobo da corte’ da galera; o palhaço
do grupo de amigos.
Kenga – Prostituta; garota de programa;
mulher da vida. Também pode ser chamada
de “Yabará”.
Kibéu – Pão; chamam também de Kiborgolhó.
Kibuto – Carga; trouxa; O que se carrega na cabeça ou nas costas.
Kididi – Corrida.
Kifufutila – Sobremesa
angolana.
Kilape – Significa contrair
uma dívida; comprar
fiado e não pagar;
tomar empréstimo.
Kilí – Cliente.
Kimbo – Zona Rural.
Kimbombo - Bebida alcoólica.
Kinguilas
– Mulheres que fazem câmbio de
moe- das estrangeiras nas ruas. Vendem dólares
e euros nas ruas, no conhecido Câmbio Negro.
Kioca – É mulher da Lunda
Norte.
Kissongo
– Inflamação que começa nos
dentes e chega à garganta, levando
algumas pessoas a mor- te. Fala-se em câncer de garganta.
Kissungo – Cana de açúcar; parte baixa da cana de açúcar.
Kit – Mulher que fica com qualquer um; mulher oferecida.
Kit das tropas
– Mulher de todos.
Kitota – Guerra.
Kiwaya – Puta.
Kixikila
– Espécie de crediário feito em
grupo, onde mensalmente um membro do
grupo é beneficiado; crédito em grupo.
Kizaka – Prato típico da culinária
angolana, feito a base da folha da mandioca.
Kobele
– Cobrador de táxi; cobrador de
auto carro.
Kota – Irmão mais velho.
Koxito – Muito ferrado.
Kuanza Norte – Província
de Angola.
Kuanza Sul – Província de Angola.
Kuarra – Prostituta; Garota de programa; mulher que faz vida; mulher que vende sexo.
Kubar – Morrer;
as vezes quer dizer: dormir.
Kuduro – Gênero musical e dança muito popular,
de origem angolana.
Kudurista – Quem dança Kuduro, ritmo típico de Angola.
Kuemba – Tropa.
Kumbu – Dinheiro;
money; massa.
Kumona – Expressão da língua Kimbundu
que quer dizer:
olhar; ver; observar; contemplar. Muito
usada nos guetos como Calão.
Kunanga – Desempregado; aquele que não faz nada da vida; vadio; preguiçoso.
Kunga – Castigo; pode ser treino duro; pode também ser exercício ou formação.
Kupapata – Moto com carroceria. Alguns falam em moto de duas rodas que faz serviço de taxi.
Kuribota – Informante secreto; traidor; infiltrado; agente duplo.
Kush – Liamba;
pica; maconha; cannabis
sativa.
Kuzú – Prisão;
cadeia ou penitenciária.
Kwanza ou Kuanza
– Moeda angolana.
L
Lábia – Conversa fiada;
conversa bonita; conversa
enganadora.
Lambe-botas – Puxa-saco; bajulador.
Lambisgoia – Mulher
mexeriqueira; intrometida.
Laminagem – Desenhos feitos com uma lâmina, no corte
de cabelo.
Langa – Congoleses que vivem em Angola.
Larica – Estar cheio de traças; pode ser também:
ter muita fome.
Laton – Homem branco; homem de pele clara.
Latona – Mulher branca, mulher de pele clara.
Laurear o queijo – Passear.
Lavra - Lavoura; horta;
plantação.
Levantar – Receber. Ex.: Vou ao banco levantar um dinheiro.
Levar no focinho – Duro castigo; grande derrota;
duro golpe.
Liamba – Maconha, cannabys sativa; conhecida também como “pica” em Angola.
Libanga – Cigarro de liamba; baseado de maconha; cigarro artesanal de cannabys sativa.
Licenciado em
curibotisse – Licenciado em fofoca.
Lidas de casa – Afazeres
domésticos.
Lixado – Que é mal; atoa; chato; ou até mesmo
merda.
Loiça – Louça.
Lombi – Rama de alguns arbustos
para condutos, também
conhecido como lômbua ou suanga.
Lossaka
– Fruto verde que se usam nos
condutos, mais conhecido
por quiabo.
Lotador – Pessoa que ajuda a carregar passageiros em táxi ou autocarro.
Luanda – Capital da República de Angola.
Luando – Esteira; objeto feito de pau de bambu para dormir.
Luei - Dinheiro;
grana; money; kumbu.
Luico
– Uma espécie de colher de
madeira grande ou bastão comprido com que se amassa ou bate o funje/funge.
Lunda
Norte – Província de Angola.
Lunda
Sul – Província
de Angola.
M
Maca
ou maka – Conversa decisória;
confusão; discussão; problema.
Machimbombo
– Ônibus; autocarro. Modo como os mais antigos
chamavam esse meio de transpor te.
Madié
– Rapaz.
Madjê – É uma forma de dizer: gajo,
ele ou aquele. É o mesmo
que wi em algumas ocasiões.
Magalas – Polícia; policiais.
Magoga
– Sanduíche: pão, com frango,
salada e maionese; que os
portugueses, chamam de: san- des.
Maia – Atrapalha.
Maiamga – Enfeitiçado; feitiçado.
Maingado – Bêbado;
alcoolizado; embriagado.
Malaike – Está mal; também esperto;
atento. Também pode ser
invejoso; pessoa que não pres- ta;
uma pessoa má. Pessoa decepcionante; pessoa mal agradecida.
Malamba – Problema; complicação.
Malanje – Província de Angola.
Male – Mal.
Malembe – Devagar.
Malembe-malembe – Devagar
se chega ao longe.
Malta – Galera; pessoa.
Malucada
– Mulher que não tem juízo;
louca; doida.
Malusco – Maluco.
Maluvo – Bebida extraída da seiva fermentada das palmeiras, principalmente do palmito; mais conhecida
também por Marufo
ou Maruvo.
Maka – Problema; confusão;
algo complicado; algo sério para resolver.
Makongo
– Problema; confusão; podendo
até ser: dividas.
Makulu – O mesmo que dizer
Auxiuri (enfermida- de que causa picadelas no ânus). A
oxiurose, tam- bém conhecida
por oxiuriáse e é causada
pelo ver- me Enterobius vermicularis. A doença atinge
qual- quer classe
social e é muito
comum na infância.
Makunde – Feijão-frade.
Malandra
– Mulher de mau comportamento;
mulher de comportamento duvidoso;
mulher com comportamento ofensivo; mulher de aventuras.
Mamã
– Mamãe.
Mamadu
– Era como eram chamados os
africanos do Mali; os malianos. Hoje
o termo se estende aos africanos da África
Central.
Mambo – Pode ser utilizado para exemplificar alguma coisa ou situação; objeto, qualquer
coisa; algo não definido ou omitido propositadamente.
Mambo
guda – Coisa
grande.
Mambo rijo – Coisa boa, algo excelente; muito bom.
Maminho – Bichinhos podres; aqueles bichinhos que surgem na carne podre ou em fezes; larvas putrefas; conhecidos como morotó no Brasil.
Mamoite – Mãe.
Man – Forma de tratamento em angolês que signi- fica: mano; palavra inglesa que quer dizer ‘homem’. Mana
Madó – Mulheres, que “gostam de aparecer”.
Manceba – Mulher jovem; amante; concubina.
Manché –Militar das FAA – Forças Armadas Angolanas.
Manda
chuva – Patrão.
Manga
de capote – Macarrão.
Manga
de 10 – Adolescentes que se
prostituem; garotas novas que saem
com homens mais velhos para fazer
programa. Meninas de 10 a 17 anos; fala-se das adolescentes que saem com homens mais
velhos.
Mangolê – Angolano.
Mangonha – Farsa; mentira;
indolência; moleza; preguiça.
Mangonhar
– Dar-se à mangonha; mandriar;
molengar; preguiçar.
Mangonheiro – Indolente; calaceiro; mandrião; molengão; preguiçoso.
Manguitar – Treinar na academia; praticar
fisicul- turismo; levantar
pesos em Ginásio.
Manguito – Gesto obsceno.
Manjuco – Calça olímpica;
calça de malha. Pode ser também pijama;
roupa de dormir.
Maqueiro – Pessoa zaragateira.
Mascote
– Pulseira de ouro ou prata;
pulseira de ouro ou prata
para bebê.
Maguelar – Apoiar-se.
Mão
de vaca – Pessoa que não gosta
de ofertar nada; que não gosta de
ajudar ninguém, mesmo tendo condições de ajudar.
Marado – Louco; marada
é louca.
Maré
– Praia.
Maria homem – Mulher com comportamento masculinizado; lésbica.
Martelar
– Estudar; revisar; ler a
matéria ou li- ções de uma
prova.
Massa
– Dinheiro.
Massarocas – Espigas de milho.
Mata-aula
– Alunos ou estudantes que se
furtam de assistir a aula.
Mata-bicho
– Desjejum; pequeno almoço de
garfo e faca. Pequeno-almoço
português; o popular café da manhã.
Com o uso constante, virou até verbo ‘já mata-bichaste? Perguntam eles.
Matabichar – Tomar o pequeno-almoço.
Matacó – Bunda; rabo; nádegas; traseiro.
Mataku – Rabo, cu.
Matarruano – Patego.
Matete – Papa feita de farinha de milho.
Mato – Sertão.
Matoso – Que sobrevive à custa da mulher; gigolô.
Matubas – Testículos.
Matuji, tuji – Merda.
Matumba – Burra; de pouco saber.
Matumbice
– Proveniente da palavra
matumbo. Viver na ignorância consciente; andar fazendo burrada;
praticar atos de grande burrice.
Matumbo – Ignorante; estúpido; tacanho; inculto; provinciano.
Matumbos – Burros.
Máuas, máuanas – Óculos-de-sol.
Mauindo – Pulgas nos pés; ou bitacaia.
Mayar – Vacilar.
Mayuya
– Coisa que não presta, aquilo
que não tem utilidade.
Mazé
– É uma expressão de desprezo ou
desalen- to. Ex.: Vá lá mazé para o
inferno. Pessoa burra; que não aproveita as oportunidades.
Mbaca – Mulher que não engravida; mulher estéril; mulher que não pode gerar filhos.
Mbaco
– Homem estéril, que não
engravida a mulher.
Mbaia – Ultrapassagem na rodovia; ou correr mais que o normal
com o automóvel.
Mbala – Ultrapassagem de carro.
Mbalu
– Pessoa sem instrução; pessoa
burra; ignorante; que não vive a modernidade.
Mbangi – Casa; residência.
Mbasso – Mina tradicional.
Mbenda – Chapada; bofetada; tapa.
Mbica –
Escravo/escrava. Termo na língua nacional
Kimbundu e muito usado também como calão. Palavra
muito usada nas brincadeiras para causar reação
e persuadir as pessoas, mais também usada
em outras ocasiões. Ex.: Leal se você não vier
amanhã, sua mãe é uma mbica.
Mbila – Camisa;
camisola; t-shirts.
Mboa – Mulher.
Mbora – Vamos
embora, vamos lá.
Mbuco – Aleijado; pessoa com deficiência física.
Melga – Aquele
que é chato ou inoportuno.
Memeiro – Pessoa que cria entretenimento com imagens e
escrita.
Memo – Mesmo.
Mekie – O que
é ou qual é?
Merengue – Ritmo de dança muito animado.
Messene – Mestre;
mestre de ofício;
professor.
Metucha – Metade; uma parte; uma banda; um pedaço.
Meu cadja – Meu irmão; meu amigo.
Meu naco – Minha metade;
meu pedaço; minha
vida; minha dama; meu damo.
Meu panco – Meu admirador.
Meu sangue – Meu irmão.
Meu Kota! Minha Kota! – Meu Velho! Minha Ve- lha!
Mexericos – Fofocas;
disse que me disse.
Micheiro – Homem que vive de pequenos trabalhos; biscateiro; aquele também que espera sempre alguma pequena gratificação; relativo também a quem tira bons proveitos em negócios ou acordos financeiros; também intermediário; mixeiro.
Mili
– Mil; 1.000.
Milongo
– Medicamento; remédio; qualquer
fármaco.
Mimo – Carinho; dengo;
agrado; aconchego.
Minete
– Homem praticando sexo oral na
mulher; chupada na vagina; lambidas
na buceta; chupada
e introdução da língua na cona.
Minga
– Pessoa que não presta;
elemento desprezível.
Miúda
– Menina; garota.
Miúdo
– Menino; garoto.
Mixa
– Pequena gratificação; algo de
pequeno valor; dinheiro pouco.
Mixórdia – Misturada.
Mó
– Expressão carinhosa em angolês
que substitui a palavra amor.
Moamba – Comida típica com galinha ou peixe e óleo de dendê.
Mó broto – Meu amor.
Modeujo – Meu Deus.
Mojimbo – Boato;
fofoca; disse que me disse
Mó kamone – Meu amigo chegado.
Mokotó ou mocotó – Pé de boi preparado para comer; iguaria; parte de músculo gorduroso do pé do boi.
Molexado – Bêbado; alterado pelo efeito da bebida.
Monandengue – Miúdo, garoto.
Monangambé – Carregadora.
Morada – Endereço.
Morder meus calcanhares – Pegar no meu pé.
Moringa – Bilha de água de gargalo estreito,
feita de barro.
Mormão – Meu irmão.
Morote – É uma tática
de queda usada
em lutas.
Morro – Monte;
outeiro.
Mortelada – Pessoa com deficiência física; aleijado.
Mota – Moto.
Motorizada – Motocicleta.
Moxico – Província
angolana.
Mú
– Desodorante antitranspirante roll-on.
Muamba
– Ingrediente para culinária a
base de massa de ginguba, massa de amendoim.
Muadié ou Madié – Quando não se quer se referir
a determinada pessoa citando seu nome. Quando se quer citar uma pessoa em uma conversa e não falar o nome. Ex.: Muadié que não me responda quando eu perguntar pelo dicionário?
Muata
– Chefe.
Mucanda – Carta; bilhete;
papel; qualquer escrito.
Recado.
Mufete – comida típica da culinária angolana. Peixe grelhado na brasa, acompanhado de feijão de
óleo de palma, acompanha mandioca
assada, banana pão/banana
da terra e batata doce. O peixe é
coberto por um molho de cebola com tempero de vinagre.
Mujimbo – Boato; fofoca.
Mundele – Branco.
Mungu – Até amanhã.
Mungueno – Adeus; até amanhã.
Mukenko – Murro.
Muleque ou moleque
– Rapaz; criado;
moço de recados. Malandro, preguiçoso, vadio.
Mulumba – Marreca.
Muringue
– Bilha de água, conserva a água
fres- quinha.
Mussarela com
fiambre – Mussarela com presunto.
Musseque
– Bairros carentes da capital
Luanda. No começo foram os terrenos
agrícolas pobres e arenosos, situados
fora da orla marítima e em re- dor
das cidades; depois veio os bairros de lata, os ditos bairros pobres, na cintura urbana das gran- des províncias.
Museke – Terreno arenoso,
bairro. O museke, ou
musseque (grafia portuguesa) e não a musseque.
Mussuya – Roupas folgadas;
roupas largas.
Mutimba – Arma de fogo.
Muxima – Vila e município da província do Bengo, na margem esquerda do rio Cuanza.
Muxima – Coração.
Muxito – Mata ou bosque de mata densa.
Muzonguê
– Prato típico da culinária
angolana; guisado com peixe seco e
fresco, com bastante jin- dungo e farinha de pau. Em outras regiões:
molho; caldo; e até “tira-ressaca”.
Muzúbia – Dama bonita
e gostosa.
Mwadié
– Mas um termo usado para
designar: amigo; companheiro;
comparsa; e até um cidadão desconhecido.
Mwangolê – Angolano ou angolana.
Mwata
– Grande Chefe, serve para
designar todos os chefes, tribais ou não.
N
Na altura – Naquela hora; naquele momento; naquele dia; naquela ocasião.
Nabi – Profeta
Hebreu.
Nabo – Pessoa
estúpida; desastrada; desajeitada.
Naite – Cigarro.
Na kunga – Na recruta; castigo.
Namibe – Província de Angola.
Não faz poeira – Fale baixo; não chame atenção.
Não maia – Não fica burra (o); não fica distraída (o).
Não tem macas
– Não há problemas.
Não tem dica – Não tem problema; não tem de que.
Não tem kigila – Não há problema.
Não vou maiá – Não vou atrapalhar.
Nas bandas – Em qualquer país.
Nas calmas – Tudo bem.
Nbaji – Casa; morada; apartamento.
Ndambu – Arremate
forte.
Ndengue – Pessoa de menos idade; menino; mais novo;
criança.
Nduta – Motorista; condutor.
Negócios
escuros – Roubo; burla; trafico;
feitiçaria; transações erradas; negócios
ilegais. Qualquer tipo de negociação ilegal ou envolvimento com feitiçaria.
Nem
kuim e nem kuam – Assunto sem
resultado algum; nem uma palavra a
mais e nem uma a me- nos; nem uma e nem outra.
Ngana
zambi – Deus.
Ngandulu – Trabalho de ocasião; trabalho
rápido; trabalho terminado e pago.
Nganza – Bebedeira; embriaguez.
Ngapa/xira – Feiticeiro; bruxo.
N’gazado – Maluco; ébrio;
pessoa de conduta
imoral.
Nginbola
– Pessoa com cabeça grande; de
nuca grande.
Ngombelador – Homem que pratica atividades sexuais com menores de idade; o mesmo que pedófilo.
Ngombidi
– Estuprador; violador;
pedófilo; tara- do sexual.
Ngombiri – Mulherengo; expressão muito usada
em Luanda.
Nguelé – Igreja; também
chamam de Ngunga.
Nguenda
– Significa “ida”, é usado para
expressar ideia alguém que quando
sai demora para voltar, no sentido
de farra. Nguendeiro é a pessoa
que vai sempre
à nguenda.
N’guensu – Nota metálica
de 50 Kuanzas.
Nguirra – Pouco; muito ferrado.
Ngunheira – Bruxa.
Nguvulu – Governador.
Nha – Minha.
Nhanhã – Bebida
alcoólica.
Nhanhado – Bêbado;
alcoolizado; embriagado.
No mato – Zonas rurais;
falando no interior
do país.
Nos teus mambos – Nas tuas coisas.
Nossa Senhora da Muxima – Nossa Senhora da Conceição, santa
de grande devoção
in África.
Nossa relação está de luto – O relacionamento está morrendo.
Nuceque – Desculpas esfarrapadas.
N’uma – Bom.
O
Onda – Feitiço; tala; ginbaço.
Operativo – Segurança; salteador.
Oubazz – Bem haja; tudo bom; valeu.
P
Pacóvia – Pouco inteligente; ignorante; ingênua; simplória.
Pacóvio – Pessoa ignorante
e pouco inteligente; ingênua.
Pagar um copo – Pagar uma bebida.
Pah – Êpa.
Paiado – Aflito;
estragado; lixado; perdido.
Paiar – Vender.
Palé – Casa.
Ex.: Estou no meu palé com a família.
Paludismo – Malária.
Pambala
– Qualquer tipo de negócio que
se faça, uma venda, uma troca, uma
transação. Exemplo: Vou ali fazer uma pambala!
Pambaleira
– Pessoa que vive de comissões
com base em negócios informais.
Chamado também de bizness.
Panina – Homossexual; gay; até mesmo travesti;
paneleiro.
Pança – Barriga grande; abdómen avantajado.
Panca – Atração muito forte por algo ou alguém.
Panco
– Pessoa que gosta muito de
alguém; apaixonado; muito fã, admirador, fanático, apaixonado. Também
ingênuo.
Pankê – Comida.
Panó – Filme pornô; filme de caráter pornográfico.
Papa – Papai.
Papado – De barriga cheia, repleto; satisfeito de- pois de comer
bem; com a fome saciada.
Papoite – Pai.
Papoite do arraso – O mais velho com condições
financeira boa e de ostentação.
Papuchu – Comida;
alimentação.
Paragem – Ponto de ônibus; parada
de transporte coletivo.
Parlapear – Papear.
Parte-os-cornos – Camisa
de mangas cavas.
Partir
– Quebrar. Usa-se inclusive para
estradas danificadas pelas chuvas. “A
estrada está partida”. Quando alguém
diz “A ponte que partiu”,
refere-se literalmente a uma ponte
destruída pelas chuvas.
Partir
o braço – Extorquir, tirar
vantagem; pedir dinheiro, também
usado como roubar em alguns contextos (principalmente para as mulheres).
Parvalhão – Tolo; idiota; pouco
inteligente.
Parvinho – Tolinho.
Parvoíce
– Ato pouco inteligente;
idiotice; estupidez; tolice.
Passadeira – Faixa de Pedestres.
Passadeira vermelha – Tapete vermelho.
Pasta – Massa.
Pastar
– Mandar ir embora; jogar fora
como lixo; mandar ao inferno. É como dispensar
sem cerimô- nia.
Pastelaria – Padaria.
Patar – Comer; comer muito; comer bem.
Pato
– Cidadão que vai a festa sem
ser convidado. Penetra de festa;
o famoso bico.
Pausa
– Ficar calmo.
Pausa
ai – Espera
ai.
Pausado – Relativo a quem está relaxado; calmo
ou bem aprumado; está bonito; bem vestido; chick.
Paxeco
– Homem sustentado pela mulher;
o mesmo que Pacheco.
Paxenxa – Paciência.
Peão – Pedestre.
Peike – Chapéu.
Pelar – Jogar futebol;
handebol ou basquetebol. Pelota também é muito
usado.
Pemba – Ritual de Umbanda.
Peneirenta – Pessoa vaidosa.
Pequeno almoço ou mata bicho – Café da manhã.
Perar – Fazer amor; ter coito carnal;
transar; fazer
sexo.
Pica – Pode ser fumar maconha; fumar Liamba.
Pica – No português de Portugal, é injeção.
Picada – Estrada de terra batida de 3ª categoria.
Picar – Reprovar
nos exames escolares.
Pildra – Prisão;
chossa; xilindró; cadeia.
Pilhar – Dar pilha; dar sangue; dar coragem;
dar corda.
Pilim – Dinheiro;
massa; kumbú.
Pilinha – Alimento de pastelaria a base de trigo, leite
e açúcar.
Piloló – Pênis; pissa; chamados ainda de bilau ou pila.
Pincho – Carne ou frango cortado
em pedaços, bem temperado e com cebola,
assada na brasa.
Pindérica – Miserável.
Pipi – Pessoa
vaidosa; calcinhas.
Pipocar – Bom.
Pirar a rosca – Entrar
em parafuso, ficar meio
choné.
Piringuita – Mulher bandida.
Pirosa – Cafona.
Piso – Sapato, tênis; calçado de boa marca.
Pissa – Órgão sexual masculino; pênis; pila; pica.
Pita Bwé – Come muito.
Pitar – Comer.
Pitéu – Comida.
Poblas – Caramba; fogo. Mostra descontentamento com algo que
tenha dado errado.
Poliangui
– Policia; policial; também
chamado de ‘Police’.
Pompa
– Esplêndido.
Pong – Estilo, charme,
pôster.
Ponteiro
– Clitóris, pinguelo (órgão
sexual feminino).
Ponto
preto – Cravo;
espinhas; mancha na pele.
Pópilas – Chissa! Possa!
Arre! Porra!
Popolar – Bater; surrar. Ex.: Vão te popolar; vão te bater.
Por
a pau – Ter cuidado.
Porreiro
– Boa pessoa. Em comprimento ou
concordância; Legal. Exemplo: “Esse
gajo é bem por- reiro”.
Possas – É uma interjeição que representa aborrecimento. Ex.: Possas, até agora não fui atendido. É como “poxa” no Brasil!
Postiços – Cabelo
artificial.
Pousar minhas coisas
– Guardar minhas
coisas.
Povoado – Bairro
suburbano.
Prego no pão – Churrasquinho; sanduíche de bife.
Prego no Prato – Bife a cavalo.
Prenda – Presente; é também um bairro muito
conhecido da capital Luanda.
Pri – Primeiro.
Prof – Professor.
Propina – Mensalidade; taxa.
Puca puca – Espancar; dar pancadas; dar porrada.
Pula – Branco;
pessoa de pela branca.
Pulas – Nome pejorativo para pessoa branca.
Pungo – Peixe perciforme marinho.
Punho – Borrachas
coloridas para prender
cabelo.
Putiriu – Putaria.
Puto – O mesmo que miúdo, garoto, menino; mais novo;
irmão menor.
Q
Quedes – Tênis.
Quentex – Bebida forte.
Quero quinar – Quero comer.
Quibeu – Pão.
Quibuto – Muito;
um monte de alguma coisa.
Quilumba – Moça.
Quimbanda
– Curandeiro; aquele que pratica
a medicina tradicional. Na tradição
cultural Bantu, tem uma amálgama de poderes: é, simultanea- mente, adivinho, curandeiro e feiticeiro.
Chamado também de Kimbanda; Kimbandeiro; Quimban- deiro.
Quimbo
– Aldeia rural tradicional;
aldeia indígena; povoado.
Também conhecida por embala; liba-
ta; sanzala ou ainda senzala.
Quinda
– Cesto sem asas, que servia
para trans- portar cereais.
Quintetas
salteadas – Prato típico da culinária angolana.
Quitaba – Pasta de ginguba.
Quitanda
– Banca, tenda ou loja de
comércio; negócio, venda;
tabuleiro, bancada.
Quitandeiro – Aquele que faz negócio em quitanda; proprietário de quitanda; pequeno comercian te; vendedor ambulante.
R
Rabão – Burro.
Rabar – Ralhar; reclamar; chamar atenção.
Rabo choter – Rabo pequeno; bunda pequena.
Raço – Vendas;
bisno; pambala.
Raias – Óculos de Sol.
Ralhar – Rabar; reclamar;
chamar atenção; dar carão.
Rapariga – Moça; jovem; mulher nova.
Rapina – Assalto;
roubo violento.
Raspanete – Bronca.
Rancheira – Prostituta (não é muito usual).
Reformar – Se aposentar, quando se aposentam, vão para reforma.
Relaxo – Relaxado; descansado.
Remadas – Várias secções de sexo; várias fodas; vários rounds.
Remar – Fuder; o movimento que se faz para fazer sexo; o movimento sexual da penetração carnal.
Retró
– Angolano que foi refugiado na
RDC – República Democrática do Congo.
Revienga
– Finta de corpo; movimento
rápido em zig zag.
Rijo
– Coisa boa; algo bom. Esta
festa está rija; esse mambo
é rijo.
Roboteiro – Pessoa que transporta carga com Kangulu
ou à cabeça.
Rochar
– Falhar; decepcionar; não
atingir os objetivos.
Romper – Quando alguém
bate o carro, por exemplo, dizem que lhe romperam a viatura; também serve como: estragar,
quebrar.
Rotunda – Rotatória.
Round – Palavra referente em inglês, a cada tempo de duração de intervalo de uma luta de
boxe, mas para o angolano no Angolês,
faz referência a cada tempo do ato
sexual; a cada foda.
Ruca – Carro; automóvel; veículo; também viatura.
S
Sabalar – Sair fora; sair do local; ir embora. O mesmo que bazar.
Sabrinas
– Sapatos fechados usados pelas
mulheres.
Sabular – Falar coisas sem nexo; falar à toa.
Sacana – Malandro; sacariôto; sacripanta.
Salabuatar – Falar
muito.
Sande – Sanduíche.
Sanga – Pote de barro para transportar ou conservar água.
Santinho – Saúde.
Sanzala ou Senzala – Aldeia rural tradicional.
Sanzaleiro – Arruaceiro; desordeiro; podendo também ser usado
como: desobediente.
Sakidila – Obrigado.
Sair voado – Bater em retirada; sair imediatamente.
Salar – Trabalhar.
Salo – Trabalho;
emprego; ocupação; serviço.
Salteadora – Bandida.
Saluba – Saudação pra Nanã, a mais velha
das ori-
xás.
Saputarar – Vida de safadeza; vida de descaração; vida mundana.
Sardar – Vender
produtos a preços
mais baixos.
Sarrabulho – Vísceras de animais comestíveis; intestino de cabrito, de porco, até mesmo de vaca.
Sculão – Escola.
Se borrar – Se fazer passar
vergonha; pagar mico.
Século – Ancião; velho; conselheiro do soba; homem respeitável.
Semba – Dança angolana.
Sem Chumbar – Não ser reprovado; não perder ano no colégio, ou na escola.
Sem dar cavaco – Sem dar resposta.
Sétimo ano de praia – 4.a classe no Colégio.
Si borrar – Passar
vergonha em público.
Sida – Aids Síndrome de Imunodeficiência Adquirida.
Si
mimar – Tratar-se bem; tratar bem a si mesmo.
Sipilhar
– Ser solidário com o outro;
ajudar; encorajar.
Sítio
– Endereço; lugar; casa;
moradia; qualquer lugar.
Soba
– Autoridade tradicional; chefe
do Quimbo ou Sobado; chefe tribal;
régulo; autoridade supre- ma de um domínio
africano.
Sobado – Território sob administração de um Soba.
Sócia – Compra de um produto
à grosso entre duas
pessoas, para depois dividirem justamente como combinado.
Steidi – Estados
Unidos da América.
Sucupira – Bandida;
ladra.
Sukuama – Aí; pôças; pópilas;
com os demônios!
Sungura – Dança de origem zimbabweana, que o angolano gosta de dançar.
Sumaúma – Enchimento seco de para almofadas e colchões.
Sumo – Suco.
Surriada galinha assada – Expressão acompanhada de gesto com os dedos, a fazer gozação de outra pessoa.
Sussa – Mijar.
Swag – Atitude;
estilo; confiança em si mesmo.
Swegado – Bem vestido; bem apresentável.
T
Tá
a bater – Tudo bem! Respondendo
à um “tudo bem?”. Tá a bater. Quer dizer que se o coração
bate, é porque está tudo bem.
Tá
bala – Está fixe, está muito bom.
Tabuleiro – Bandeja; travessa.
Tá gato – Está bonito; está lindo.
Talamukeke – Mina tradicional.
Tá lembido
– Está mal, está tramado.
Tá levar ovo – Está bem.
Tá
ligado – Confirmado; tudo bem;
está tudo controlado.
Támaluka – Moto de três rodas que faz serviço de táxi (no Leste de Angola).
Tambi – Óbito; enterro.
Tambula conta – Cuidado.
Tá nice – Está confirmado.
Taréia – Avacalhado; humilhado. Ex.: João hoje levou uma taréia daquelas.
Tarraxar – Dançar a tarraxinha, estilo musical erótico; dançar sensualmente.
Tarraxinha – Dança tradicional de Angola.
Tchilar – Festejar; comemorar; curtir a noite.
Tchindele – Homem branco.
Teipi – Televisor; televisão.
Tejo – Pessoa
burra; pessoa pouco
inteligente.
Teketar – Tremer.
Telemóvel – Celular;
chamado também de telelé.
Tempo de caparandanda – Há muito tempo;
tempo antigo; antigamente.
Tepeico – Televisão.
Terminal – Número do telemóvel; número de telefone celular.
Tibar – Embebedar-se; embriagar-se; ficar bêbado.
Tipo porreiro
– Pessoa legal.
Tipoia – Palanquim
de tecido para transporte de pessoas.
Tira estalo
– Faz perder
a paciência.
Tira o pé – Foge; anda; sai; vai.
Tirar voado – Ir-se embora; sair fora; abandonar o lugar.
Tirosa – Vamos; podendo
ainda ser “vamos
sair voado”.
Titalijutatilambu – Estão a falar
mal de ti.
Torrar –Beber álcool em demasia; embriagar-se; ficar bêbado.
Tortulhos – Cogumelos
grandes.
Totolar – Se pancar; ou seja, se bater com o dedo em algum objeto
causando dor.
Tou n’uma – Estou bem; estou sereno; estou calmo.
Trabuco
– Arma de fogo; revolver;
chamado também em alguns lugares de Ferro.
Trabucado – Andar armado; aquele que porta arma de fogo.
Tráfego – Congestionamento de veículos.
Traile – Motorizada.
Tramado – Prejudicado ou aflito.
Tramancar – Assaltar; roubar.
Tramas – Estraga.
Tranco – Fazer amor; manter relações sexuais; foder.
Trânsito – Policial
de Trânsito.
Trapa – Veste.
Trinca-espinhas – Pessoa
muito magra.
Trinta – Pessoa estéril; alguém que não tem filho; pessoa que não engravida.
Trinta cabelo – Careca.
Tropa
– Gangue; também Exército. Dizem
“fazer a tropa” para o que chamamos
“servir ao exército” no Brasil.
Tropukuna – Tropa;
amigo (a); grupo de amigos.
Trovador – Poeta recitador; declamador.
Trungungueiro – Sôfrega, aquele que já tem e quer sempre mais.
Truta – Inteligente; audaz; qualificado.
T-shirts – Camisas;
camisolas; camisas de malha.
Tudo pelas
cabeças – É tudo por nós. Podendo ser ‘é pelas
cabeças’ que quer dizer ‘é por nós’.
Tugas – Portugueses.
Tunda – Fora; rua.
Turo – Moto; mota.
Turrum – Moto.
Tutu – Feio ou feia.
Tuxica – Água.
U
Uaué – Acudam,
socorro.
Uige – Província de Angola.
Umas botelhas – Umas garrafas.
Um valor – Mulher linda.
V
Vai
dar bum – Vai dar confusão;
relativo a algo que vai dar errado; o
objetivo não será atingido; vai dar merda.
Velha – Mãe; mais velha; adulta.
Velhaca – Pessoa astuta; traiçoeira; fingida; manhosa para enganar.
Velho – Pai; mais velho;
adulto.
Velho gingão – Velho coxo.
Vender – Payar.
Vender a banha
da cobra – Vender com muita lábia; vender bem aquilo que não presta; vender algo de
qualidade duvidosa.
Vengó – Pai; mãe; mais velho;
ou avô; ou avó.
Viatura
– Qualquer tipo de carro;
conhecido também por ‘ruka’, ‘popó’.
Vicuatas – Trecos; tralhas; objetos usados; prontos para o descarte no lixo.
Vida
mulata – Boa vida.
Vijú
– Cara vivo; esperto; sempre
alerta. Pessoa atenta; pessoa que tem
visão das coisas; aquele que aproveita as oportunidades sem pestanejar.
Vimbambas – Tarecos, as coisas de dentro de casa.
Vírgulas altas – Aspas.
Vissapa ou bissapa
– Moita; sarça;
silvado.
Viste como – Uma saudação. Serve para muitas
ocasiões.
Viu fumo – Foi enganado;
sentiu dificuldades; falhou na sua
ação.
Vivenda – Sobrado.
Vou dar tirosa – Vou fugir.
Vou te cair – Vou ir; vou ai;
Vou te estalar
– Vou te bater; vou dar chapada.
Vou te mbaiar
– Vou te dar porrada.
Vuaida – Vida.
Vuzar – Trabalho mal feito; fazer mal as coisas. Em alguma situação
é ‘como passar por cima’. Também quer
dizer: andar à toa; fazer tudo à toa.
W
Walalá – Grita-se, quando o jogador
faz uma grande finta num
jogo, quando acontece uma grande jogada de futebol.
Wazebele
– Descapitalizado; falido;
pobre; sem dinheiro; sem finanças
esse termo provém da língua kimbundo.
Wakimono – Abra bem os olhos.
Windeck – Pessoa ambiciosa, aquela que não mede esforços
para conseguir o que quer.
Wiwar
– Beber.
Wy ou wei – Amigo; colega.
X
Xamavu – Vem do Kimbundu “ixiyamavu” terra de barro
vermelho, nome também dado antigamente ao mercado
de São Paulo, por estar situado em terra de
barro vermelho.
Xana ou chana – Planície; savana; charneca africana.
Xarauti
– Palavra de saudação. Ex.:
Mando um xarauti aos meus amigos.
Xaxar – Conquistar; paquerar; assediar.
Xaxu – Papo furado;
mentira; jogando conversa
fora. O mesmo que dizer ‘manda
xaxu’.
Xé – Psst, tu, você, olá.
Xexento – Seiscentos; 600.
Xindele
– Branco, indivíduo de raça
branca; Amo; senhor; patrão.
Xingar – Injuriar; praguejar; agredir com palavras.
Xinguilar – Entrar em transe; manifestar pelos espíritos; ficando maluco.
Xitaca ou chitaca – Pequena propriedade agrícola de
subsistência; terreno para plantação; lavra; pe quena plantação.
Xiki – Bem vistoso;
bonito (a); lindo (a); o mesmo
que chique.
Xixilar
ou chichar – Exprime a
dificuldade para se completar uma
determinada tarefa. Ex.: xixilei na prova,
to a xixilar para acabar.
Xobota – Vagina; cona; buceta; órgão genital feminino.
Xofuaila – Quer dizer Xofela, que é o apelido dado em angolês,
a infuencer digital
angolana Xofela.
Xokotona
– Mulher da via; mulher que faz
vida nas vias públicas.
Xóxó – Bêbado; embriagado; alcoolizado.
Xtrubulho
– Pênis; piça (in Angola); pica
(no Brasil); órgão
genital masculino.
Xupilingador – Chupador.
Xupilingar – Chupar. Termo muito usado pelas crianças.
Xuxa – Mama;
peito; os seios da mulher.
Xuxu – Garina;
mulher; dama.
Xuxuta – Vagina; buceta;
cona; órgão genital
feminino.
Y
Yah – Sim.
Yabará – Garota de programa; prostituta; puta;
mulher que faz vida; mulher que vende sexo.
Z
Zaire
– Província de Angola.
Zamberenguenjê – Estar com os azeites; estar zangado.
Zamigas – Amigas.
Zuca – Gíria para brasileiro que mora
no exterior;
também brasuca.
Zuelar – Falar.
Zunga – Praça grande;
feira; mercado popular.
Zungueira
– Vendedora ambulante; mulher
que ganha a vida vendendo, mercando
todo tipo de mercadorias, nas feiras, praças,
mercados e ruas.
Zuzweira – Cadeia; prisão;
penitenciária.
ISSO É ANGOLÊS
Eis que surge
entre línguas nacionais e dialetos, o Angolês – Calão; expressões alternativas;
gírias locais; falácias regionais; tudo que pode estar direcionado com
invenções verbais retratadas por palavras inventadas no cotidiano. O
Angolês nasce da ideia de ler e falar gírias, anotar ditos populares locais,
pesquisar Calão enquanto língua ou dialeto em qualquer banda ou região e fazer
isso acontecer em Educação, em difusão da Cultura. Um engenheiro nascido no Rio
de Janeiro, in Brasil, há 31 anos, resolveu catalogar a linguagem viva dos
Guetos da Bahia, e transformar no livro, formato de bolso “Dicionário de
Baianês”. Turistas, baianos e soteropolitanos já se renderam ao fenômeno
literário, difundindo o registro histórico de um dialeto extraoficial: O
BAIANÊS!
O que
é o Calão na língua portuguesa na verdade? Substantivo masculino; linguagem grosseira, indelicada,
que tende a ofender; ou linguajar próprio de um grupo; ou gíria. No Brasil, se
conhece a expressão ‘baixo calão’ é modo pejorativo de falar; linguagem
agressiva; palavrões; palavras impronunciáveis em público. E é de experiências
como essa que chegamos ao Angolês, d’uma pesquisa com entrevistas de pessoas,
de amigos e estudantes, que no cotidiano deixaram-se monitorar pelas palavras
escritas e compartilhadas, essas que me interessavam, para compor este projeto. Trabalho esse que teve o contributo
do músico gospel Nely Lucas (Uige), da estudante Paulina Catari
(Cazenga/Luanda), do ator e produtor de cinema Blandine Klander (Kilamba
Kiaxe/Luanda), da estudante de Comunicação Edeltrudes de Brito Leal (Massangarala
e Quioche/Benguela) e do Jurista Fernando Sebastião Cafunda, (do Malanje, e que
vive em Luanda), além de tantos outros colaboradores anônimos. “Dicionário
de Angolês”, foram mais de 4 anos de pesquisa, são mais de 1.000 palavras/verbetes
classificadas para dar vida a uma nova manifestação da Comunicação urbana
angolana, ganhando conotações de língua, o verdadeiro calão angolano, a mistura
das expressões de várias regiões de Angola em uma só fala, em uma só
manifestação verbal: O ANGOLÊS!
Essa mistura dialética com certeza
alcançara toda a República Mwangolê, n’um intercâmbio de grande abrangência
linguística cultural, são diversos termos descritos em curiosidades,
fortalecendo o surgimento de uma nova via de Comunicação entre as etnias, uma
manifestação oral de maneira descontraída, divertida e muitas vezes até. É por
aqui onde Angola dialoga com o Brasil, com a Bahia, a primeira Capital do
Brasil, onde chegaram os primeiros angolanos escravizados, irmandade unida
também nesse Linguajar. É quando sentamos a mesa para repartir esse
conhecimento que unem os Continentes, do falar africano, ao dizer: O PORTUGUÊS.
*Roberto
Leal Correia é jornalista (DRT-BA 3992), escritor,
poeta, repórter fotográfico, editor, dicionarista, ativista cultural e
palestrante, nascido em Salvador/Bahia, in Brasil, a 29 de abril, no Bairro dos
Alagados, hoje bairro do Uruguai. Autor de Cárcere
de Poemas – 2000; C'alô
& outros poemas – 2012 e C’alô & Crônicas Feridas – 2018/4ª Edição, todos pela
Editora Òmnira e todos esgotados, Letras
Pretas Cruas & Nuas – Poesias
com Luta e Contos de amor, Editora Òmnira – BA/2019; e o Dicionário de ANGOLÊS (Dicionário de Calão Angolano) Editora
Òmnira – Namibe, Angola/2023. Foi
colaborador em jornais como Bahia Hoje, A Tarde, Tribuna da Bahia e Correio;
revistas e periódicos no Brasil e exterior; é editor da revista angolana de
Literatura “Òmnira”,
que na língua Yorubá, dialeto falado na Nigéria, quer dizer: Liberdade, a revista nasceu no Brasil. É organizador de mais de 100
coletâneas e antologias em poesia e conto (no CEPA/na Òmnira), no Brasil e em
Angola/África; tem mais de 600 trabalhos editados/publicados entre poesias,
contos, crônicas e artigos, ao longo dos seus mais de 35 anos de atuação. É Dr.
Honoris Causas pela Universidade Ibero Americana/2022.
Ainda muito jovem. Publicou seu
primeiro poema no jornal A
Defesa, de Santo Amaro da Purificação - BA/1983; escreveu a sua primeira
apresentação de um livro ‘Rebeldes Azuis’, Editora Ateniense – SP/1988, do
poeta paulista Wilson Caritta; escreveu as primeiras orelhas de um livro, a
antologia ‘Crestomatia Poesia e Prosa’, Editora CEPA - BA/1998; inicia sua
carreira na Comunicação/Jornalismo escrevendo a Coluna Notas de Sampa, no Jornal Grande Salvador Grande Bahia,
onde escrevia as novidades culturais dos baianos & soteropolitanos em São
Paulo, onde morava na época; sua primeira publicação de destaque foi com o
livro Perfume da Raça, Editora CEPA
– SP/1996; estreou como contista na coletânea Bahia de Todos em Contos, Editora Òmnira - BA /2003 Volume II. É verbete no Dicionário de
Autores Baianos, SECULT-BA/2006, página 106; É verbete e Organizador no
Dicionário de Escritorxs Contemporânexs do Nordeste, 1ª e 2ª Edição, Editora
Òmnira – Namibe, Angola/2022; ex-diretor de Cultura e Relações Públicas do CEPA
- Círculo de Estudo Pensamento e Ação, de 1983 a 1998; Personalidade Literária
Brasileira – 2003, pela Poebrás/GO, Casa do Poeta Brasileiro; é
presidente-fundador do Núcleo da UBESC - União Baiana de Escritores in África
de língua portuguesa; membro da IWA – International Writers and Artist
Association/USA e membro correspondente da Academia de Letras do Brasil,
Cadeira Nº 7. Entre as premiações, venceu o XII Concurso Nacional PoeArt de
Literatura 2013, com a poesia revolucionária “Sede de Justiça”; recebeu em
novembro de 2014 o título de “Embaixador da Literatura Brasileira” em
Angola/África, pelo Movimento Viv’Arte do Uige e é também fundador do Movimento
Literário Kutanga/Angola.
Como editor coordena anualmente
o Prêmio Internacional de Literatura Professor Germano Machado, realizado pela
UBESC e Revista Òmnira, que vem revelando novos valores literários, tendo abrangência
internacional em língua portuguesa; é curador do ENEB - Encontro de Escritores
Baianos (Salvador/Bahia); tem trabalhos publicados em livros em Angola,
Moçambique, Portugal, Estados Unidos e França. Produtor cultural na área
literária com eventos realizados no Brasil, in Angola e Cabo Verde; presta
assessoria editorial e de imprensa a escritores, entidades e interessados em
publicar seu livro. Como ativista cultural trabalha um intercâmbio com países
de África de língua portuguesa, já tendo publicado escritores contemporâneos de
África: Angola, Cabo Verde, Moçambique São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau; e na
Ásia: Timor Leste, na Europa: Portugal.
Roberto Leal já publicou também
sob o pseudônimo de Beto Correia de 1983 a 1990 em várias antologias e
coletâneas quando do início da sua carreira literária, quando também publicou
dois folhetos xerografados Poemas
c/ Fome e Segredos, ambos extintos. Tem no prelo o romance luso-ango-brasileiro Um
Carma para Aisha. Site: www.fundacaoomnira.com.br ou e-mail: lealomnira@yahoo.com.br
As províncias de Angola não são Calões nem gíria. E.g. Cabinda, Zaire, Moxico, etc...
ResponderExcluirAli tem muita mentira e tem Gírias que estão escritas de forma errada
ResponderExcluirTem sim! concordo...
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