quinta-feira, 29 de abril de 2021

ZACIMBA GABA PRINCESA, ESCRAVA E GUERREIRA ANGOLANA QUE ESTÁ ESQUECIDA PELA HISTÓRIA

Publicado por Roberto Leal As quinta-feira, 29 de abril de 2021  | Sem Comentarios

Registro que se tem de Zacimba Gama


Zacimba Gaba foi uma princesa guerreira cuja história por muitos foi esquecida, devido ao projeto que se impôs principalmente no Brasil de apagar a memória da escravidão. Zacimba foi uma princesa do Reino de Cabinda, em Angola, in África, nascida no século XVII, que comandou seu povo n’uma guerra, contra a invasão portuguesa na região costeira de Angola. A província de Cabinda, na década de 1690, foi praticamente dizimada pelas tropas portuguesas e seus poucos sobreviventes foram capturados e mandados ao Brasil, para o mercado de escravos. Em Vitória do Espírito Santo, in Brasil, ela foi vendida junto a mais 12 de seus súditos, a um fazendeiro português de nome José Trancoso.
No campo de trabalho, Zacimba foi cruelmente castigada por não se submeter às ordens do senhor. Num primeiro momento, Trancoso não tinha noção do status de Zacimba entre os angolanos, mas percebeu logo o diferente tratamento dispensado a ela. Um dia, a princesa foi levada à Casa Grande, onde Trancoso a interrogou por vários dias, para confirmar que ela era uma soberana, que tinha título de nobreza. Nesse meio tempo, castigada a chicotadas e por vezes agredida, até que admitisse sua posição. Muito satisfeito, Trancoso estuprou Zacimba. O fazendeiro percebeu o poder dessa informação, e deixou claro que se houvesse qualquer levante e algo ocorresse com ele ou sua família, ele mataria a princesa.
Ela foi proibida de sair da Casa Grande e sendo submetida a sessões de tortura física e psicológica. O mesmo aconteceu em massa entre os homens de seu povo, chicoteados diariamente nos campos e na Senzala. O sentimento de revolta entre eles pela sua libertação aumentava. Uma arma muito utilizada entre os escravos brasileiros, como retruco contra capatazes violentos, era o envenenamento. Havia um veneno muito usado, que era proveniente da cabeça de uma cobra conhecida como ‘preguiçosa’, possivelmente, uma espécie de Jararaca, encontradas no Vale do Cricaré, que é mortal sendo ingerido em pequenas doses, constantemente até o resultado final. O veneno era conhecido como ‘pó de amassar sinhô’.
O pó de amassar senhor devia ser ministrado em pequenas doses, pois não geria eficácia para matar instantaneamente. Porém, com medo desse tipo de golpe, os senhores costumavam obrigar os escravos a experimentar as comidas que traziam, para provar que não estariam envenenadas. Tendo consciência disso, Zacimba demorou anos para conseguir envenenar José Trancoso, sem que tivesse que matar nenhum de seus irmãos. Foi quando finalmente Trancoso morreu envenenado, que Zacimba muito preparada para aquele momento, ordenou a invasão da Casa Grande pelos escravizados presos na Senzala. Todos os torturadores foram mortos, mas a família do português foi poupada, por ordem da princesa Zacimba Gaba, que logo depois fugiu com os outros negros e criou o seu próprio quilombo.
O Comitê Permanente pela Promoção da Igualdade de Gênero e Raça do Senado Federal do Brasil, à 29 de julho de 2020, organizou uma exposição virtual “Heroínas Negras e Indígenas do Brasil”. N’um total de 27 mulheres guerreiras apresentadas na exposição e Zacimba Gaba foi uma das homenageadas.

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