Foto: Divulgação |
"Saímos da Praia por volta das 2h de sábado para domingo e chegámos a Marrocos às 8h locais de domingo, sendo que tínhamos um voo para Paris uma hora e tal. Quando fomos para a sala de embarque a polícia de fronteira nos barrou, impedindo que subíssemos nesse voo porque tinham recebido uma notificação do governo francês a proibir a entrada em seu território de cidadãos não-europeus, exceto americanos e canadianos", relatou ao Santiago Magazine a empresária Sónia Ortet. Só que, segundo Ortet, depois de exigirem para ver essa tal "notificação", descobriram que não havia nada do que a polícia marroquina lhes dissera constar do documento. "Essa notificação não menciona em lado algum a proibição de passageiros com documentação cabo-verdiana de entrarem em França", disse, irritada, Sonia Ortet, para quem toda a culpa nesta história é a Royal Air Maroc.
"A responsabilidade disto estar a acontecer é da companhia, porque foi a Air Maroc que nos deu garantia de que não haveria empecilho qualquer, ou seja, que podíamos viajar com eles para Paris. Aliás, contactamos a Air Maroc na Praia que reafirmou tudo mostrando estranheza em relação à tal notificação que garantem não conhecer". E a companhia, lá em Marrocos, não deu nenhuma posição até o presente momento. "Deixaram-nos aqui ao relento, completamente abandonadas", afirma Ortet. Desde o dia que viajaram do Aeroporto Internacional Nelson Mandela, in Praia, essas nove comerciantes estão dormindo improvisadamente no chão frio do Aeroporto de Casablanca, sem cobertores, sem poderem trocar de roupa, já que não puderam ter acesso as suas malas, previamente embarcadas. "Marrocos faz frio nessa época, é um frio como na Europa, não podemos continuar nessas condições, sem apoio de ninguém", desabafa Sonia Ortet, notando que, além do intenso frio, a companhia não lhes dá comida, nem água. "Uma senhora que, depois de tanto insistirmos, nos veio dar sandes de tomate e garrafinha de água, isso já passava da 1h desta segunda-feira".
Neste momento, essas comerciantes continuam abandonada ao Deus dará, sem poderem viajar e sem poderem sair do aeroporto, até que uma solução seja encontrada. A Royal Air Maroc fez duas propostas: levar as nove cabo-verdianas até Dakar, no Senegal, de onde elas assumiriam as suas despesas de instalação e da viagem para Cabo Verde; ou esperarem no aeroporto, ao frio, sem comer e sem tomar banho, até o dia 29, daqui a quatro dias, para que regressem a Capital da Praia no voo directo da Royal AIr Maroc. Nenhuma das propostas agradou ao grupo cabo-verdiano. "Ir a Dakar implica pagarmos as despesas de hotel e de passagem para Cabo Verde, o que é um esforço financeiro demasiado pois já gastamos muito nessa viagem. Ficar aqui no aeroporto é desumano, não podemos ficar num hotel, não podemos sair para tomar banho, nem comprar comida. Veja, para usarmos a casa de banho as empregadas nos pedem dinheiro, imagina para irem nos comprar comida de verdade que não pedaço de pão com tomate", ironiza Sonia Ortet, que exige rápida devolução do seu dinheiro por parte da Royal Air Maroc e clama por intervenção urgente das autoridades nacionais, em Cabo Verde.
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