Meninas Mumuilas foto: Roberto Leal |
A cultura angolana é por um lado uma propriedade das etnias que
se constituíram no país há séculos, principalmente, povos como os: Ambundos, os Congos, os Chócues, os Ovambos e os Ovimbundos. Por outro lado, não se pode
negar que Portugal esteve presente na região, a partir do século XVI, e foi essa
presença que redundou em fortes influências e raízes culturais, a começar pela
introdução da língua portuguesa e do cristianismo. No tão esperado processo de formação de uma sociedade
abrangente e transparente em Angola, que continua até hoje, registram-se por
tudo isso entretenimentos culturais muito diversificados, e que variam de
região para região.
Carrego hoje aqui um apanhado da Cultura
do povo Muila, que pertenceram
a nação Nyaneka-Humbi, que se dividiram em dois reinos o da Huila e o do Humbi,
os Muilas são da tribo das mulheres mumuílas, da província de Huíla, capital do
Lubango, no Sul de Angola, se estendendo até o deserto do Namibe. Trata-se de
uma das regiões mais áridas do mundo. Poucos as conhecem por foto, mas não sabe
onde ficam situadas. Há poucos registros sobre a vida e a Cultura das mumuílas,
mulheres vaidosas, mas o que se sabe é que como estética natural usam os seios
à mostra, colares e tecidos bem coloridos, o que é muito normal in África, no âmbito
geral, o uso das cores fortes. Segundo relatos de angolanos-africanos, essas
mulheres são criadoras de gado e é deles que tiram sua fonte de renda, onde para
além desse negócio, dentro da cidade, são muitas vezes conhecidas também por
comercializar chás naturais, óleo de mupeke e ngundi para nutrir o cabelo (óleo
fabricado por elas manualmente), um óleo escuro, com forte odor de queimado,
que é extraído pelas mulheres adultas de um fruto de um arbusto típico da
região (o mupeque) do Namibe, que é usado no tratamento do cabelo com também da
pele. Além do óleo de mupeque, elas vendem
raízes de plantas consideradas medicinais, maungo uma larva comestível,
conhecida por Catato noutras regiões do país, peças de artesanato local, como
talheres de madeira, azagaias com suas flechas e tantos outros artigos, muitos
dos quais produzidos pelos homens da mesma etnia.
Jornalista Roberto Leal com garotos(as) do povo Muíla |
O que para nós é estranho, é o fato de não
tomarem banho como normalmente, para elas é normal o ritual do banho com leite
de vaca e esterco, ingredientes que usam para passar nos cabelos para que
fiquem com uma aparência exótica, o que para elas se resumem na conquista do
seu homem. Com imponentes seios desnudos, colares e
tecidos bem coloridos, assim se mostram as mulheres mumuílas, seja na sua tribo
ou em plena metrópole. Outra curiosidade
está relacionada às argolas que compõem suas indumentárias, vestes habituais.
Esses acessórios são usados pelas mumuilas, porque tem a ver também com a relação
conjugal delas. Na tribo Muíla é normal à prática da poligamia entre os membros
da Comunidade. Assim como acontece na tribo Mucubal, o homem Muila, também pode ter quantas mulheres ele
quiser. Porém, isso só é possível se ele provar que tem condições financeiras
suficientes para manter suas esposas. E seu poder de riqueza é comprovado pelo
tanto de gado que ele possuir. Mas tem que ser tudo que elas quiserem, precisa
ser rico mesmo. Entre todas. A mais velha é a responsável administrativa da
fortuna do marido e isso é o que justifica ela ter mais adereços no pescoço,
nas pernas e nos pés. Os colares são como a aliança, sinônimo de
comprometimento, as mumuilas casadas um
colar de cordas bem coloridos, enquanto que as solteiras usam um colar sem
cores. Se na sociedade em que vivemos, diferenciamos pela cor da aliança
e qual mão a pessoa está usando, na aldeia mumuíla as mulheres são distinguidas
se são casadas ou não, pelos adereços e adornos.
A autoridade máster da comunidade é
chamada de Soba Grande. A figura dele é muito importante e respeitada na tribo.
Ele é o líder espiritual e o prefeito do grupo, ele manda e desmanda, casa,
descasa, autoriza apropriação de terras, etc. É o “responsável” pela
comunidade.
Entre os angolanos, muitos desconhecem a
sua real Cultura e principalmente a sua história e este povo é muitas vezes
rejeitado pela sociedade, porque é tido como uma tribo com hábitos que não se
coadunam com a vida em sociedades mais modernas. Em
Luanda, estas mulheres despertam muitas atenções quando circulam pelas ruas.
Muitos ainda reagem com estranheza, mas existe também aqueles que as elogie. Hoje em dia e
como forma de adaptação às cidades, algumas mumuílas optam por usar uma
blusa/camisa e assim evitar comentários desagradáveis, com relação a sua semi-nudez.
Fonte: ASCOM/Revista
Òmnira
Fotos: Roberto Leal & Vladimiro Walter
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