Essa atrocidade acontece em outros países coniventes do planeta |
Não é ficção e
muito menos um anúncio da venda de uma ninhada de alguma espécie de animal. É a
realidade que existente em Gana, são crianças de 4 anos aos 12 anos, sendo
vendidas a partir de 20 euros para trabalharem 14 horas por dia. Muitas crianças estão sendo trocadas até
por sacos de milho, outras valem mesmo é dinheiro, podem ser compradas ao preço
de vinte, trinta, cinquenta, e podem chegar a custar a bagatela de oitenta
euros. Tudo depende de como essa negociação é feita e de quem negoceia. Na
maioria das vezes essa transação acontece no seio de famílias muito numerosas,
num país africano sem qualquer tipo de planejamento familiar, onde os filhos,
independentemente da sua idade, são vistos como uma força de trabalho.
Há várias associações
e mecanismos sociais que conseguem resgatar crianças em Gana que são vendidas a
pescadores locais, que as escravizam de uma forma desumana, obrigando-as a
trabalhar no lago Volta por exatamente 14 horas por dia, todos os dias da
semana, em troca de um simples prato de mandioca. Esta foi à realidade que Alexandra Borges, jornalista da TVI,
encontrou há aproximadamente 10 anos atrás e que denunciou na sua
reportagem Infância Traficada. As primeiras três crianças
resgatadas por Alexandra têm agora entre 18 e 19 anos.
Em 2009, a jornalista Alexandra Borges, de origem portuguesa, voltou a Gana e conheceu Pam Cope, uma mãe americana que tinha perdido o seu filho e depois de ler um artigo no jornal The New York Times sobre a escravidão infantil, entrou num avião e aterrissou em Gana onde resgatou Mark, a primeira criança que encontrou no Lago Volta. Nessa altura, Pam Cope avançou com a construção de um Centro de Acolhimento, em Kumasi, e criou a Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento Touch a Life Kids “Toque uma criança da vida”. Alexandra Borges já tinha fundado a associação “Filhos do Coração”, e então se tornaram parceiras.
Essas crianças são
extremamente gratas, valorizam a escola e consideram que a melhor defesa é a
Educação. Ninguém quer sair do Centro de Acolhimento onde, atualmente, se
encontram. Para que depois dos 18 anos estes jovens tenham um futuro foi criada
a Life Academy, em Accra, capital de Gana, uma Academia Para a Vida que
pretende dotá-los de capacidades sociais. Uma psicóloga trabalha em conjunto com
esses adolescentes colocando em prática a questões da responsabilidade, como
chegar a horas, por exemplo, em uma entrevista de emprego.
Sabe-se que tem sido feito um trabalho de sensibilização
junto ao Governo de Gana que leva a crer que a questão do combate a escravatura
esteja a melhorar. O Governo criou o ‘Ministério da Mulher e da Criança’ e já é
a própria Segurança Social quem vai ao Lago Volta resgatar as crianças.
Deixaram de existir os resgates diretos como os realizados por Alexandra ou pela
Pam. Em 2009, depois de ter resgatado mais de dez crianças e ter denunciado
mais casos de escravatura infantil, a jornalista Alexandra Borges foi impedida
de entrar naquele país da África Ocidental, e é esse o preço que paga os
estrangeiros que lutam para mudar essa realidade.
Fonte: ASCOM/Revista Òmnira
Foto: Organização
Filhos do Coração
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