Simbolo de resistência teatral |
No âmbito do Projecto Twiza
Teatro, que por sua excelência vem emancipar o teatro na província do Uíge, o
Protesa Teatro realizou de 11 a 18 de setembro de 2016 o Festival de Teatro
Café Mabuba denominado (Festema), que veio demonstrar a relevância do “Café
Mabuba” que há tempos atrás foi o precioso fruto de riqueza da zona norte de
Angola. Facto jamais visto na província do Uíge, com o intuito de proclamar a
união, paz e amor ao próximo, no seio da sociedade cultural cafeícola,
portanto, a ideia é unir os grupos teatrais de Angola com um intercambio entre
os fazedores da arte nas diversas províncias de Angola.
O que se pretendeu
neste “Festema”, foi proporcionar grandes momentos de lazer pilotados pelos trabalhos cênicos, criativos para os atores,
músicos, encenadores, escritores e ao publico em geral que participou e
aproveitou e conviveu neste festival, um ato inédito do teatro uigense… É bem a realidade que “a verdade cênica não é a
pequena verdade exterior que leva ao naturalismo. É aquilo em que vocês podem
acreditar com sinceridade…” É, no entanto, nesta verdade foi que convidamos
todos os amantes da arte (teatro) para que juntos estivéssemos unidos a
festejar em prol do crescimento do teatro na cidade dos “bagos vermelhos”.
Certo é que há algum tempo, o Protesa Teatro veio a descobrir que o teatro é
como qualquer outro oficio artístico, aonde a prática conduz à perfeição. Assim
como um músico precisa estudar escalas, notas musicais, harmonia, ritmo, ou
como um pintor precisa conhecer perspectiva, cores, combinar luz e sombras… Esse
é o caminho a percorrer…
PEQUENO HISTORIAL CAFÉ MABUBA
Café Mabuba, é como é conhecido
o café de Angola, uma riqueza em extinção. O café é por excelência uma riqueza,
que durante a administração colonial portuguesa contribuiu substancialmente
para o desenvolvimento da então colônia portuguesa: Angola. A província do
Uíge, situada no norte do país, com uma extensão de 58.698 Km é a principal
produtora e, nos últimos anos, antes da independência nacional, contribuía com
cerca de 30 por cento no orçamento da administração colonial. No entanto, a
criação de empresas territoriais depois da independência deu novo impulso à
produção do café, que começou a decair nos anos 80 com o agravamento do
conflito armado a nível nacional. Hoje, a produção de café na província do Uíge
corre risco de extinção, a julgar pelo derrube sistemático de grandes fazendas
cafeícolas, em substituição de outras culturas de rápido rendimento,
designadamente como as lavouras de mandioca, banana e feijão. “Não temos moral
para relançar a produção de café, porque ninguém nos apoia”, disse um
agricultor em declarações ao Folha 8.
Produtores alegam que a produção de café
exige recursos financeiros avultados para garantir uma boa colheita. “Optamos
agora por produzir o nosso milho, mandioca, feijão, batata, banana e abacaxi, são
produtos que nos dão algum dinheiro a qualquer hora”, acrescentou o agricultor.
Nas grandes fazendas, como a de Pumba Loji, Candande Loé, São Jorge, Congo Agrícola,
Songo II Maonde, que antes numa colheita rendiam mais de 10 mil toneladas de
café Mabuba ( o que quer dizer: café
com casca), hoje a produção não passa de 150 toneladas. É uma pena o estado em
que se encontram hoje as grandes fazendas de café que ergueram muitas infraestruturas
em Angola. “Será que o nosso Governo não tem recursos para ajudar os
agricultores interessados no fomento desta riqueza”? Questinou o ancião
Lucas Pedro, do município do Songo, 40 quilômetros a norte da cidade do Uíge. O
ancião ainda produz o café apesar da falta de instrumentos de trabalho e
recorda que “os colonos apesar de nos explorarem, valorizavam o agricultor”,
concluiu. O Festema Teatro homenageou através do seu tema principal, o café
nesse seu primeiro ano de realização.
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