*Por Roberto Leal
E os números não acompanham a realidade das agendas culturais |
Segundo levantamentos do Ministério da Cultura que
dão conta que o número de eventos ligados a Literatura vem aumentando
gradativamente no Brasil, de 257 grandes eventos em 2013, mais da metade
na Região Sul (137), para mais de 320 em 2014, levantamento esse do Jornal O
Globo. Em 2015 a estatística se manteve e 2016 esse número deve ficar novamente
acima das três centenas, com expectativa de um aumento, diante do crescimento e
do surgimento de novos leitores, do aumento do grande número de novos
escritores, de novos movimentos literários e entidades culturais, além do
surgimento de novas editoras independentes e projetos voltados para o setor.
No entanto não só o número de eventos literários
cresce na Agenda Cultural de cada região, de cada estado, de cada cidade, de
cada capital brasileira, crescem também o número de frequentadores desses
escassos espaços e diante desse aumento crescente dos espetáculos literários, inclusos ai, os de rua, de praças e esquinas, como também os chamados: itinerantes.
Ainda se questiona a cheios pulmões: como ainda se lê pouco em nosso país?
A questão se mostra um tanto pertinente, tendo em
vista que a multidão que corre para as feiras literárias chega a criar uma
rivalidade numérica com os grandes eventos: shows, micaretas e festivais
produzidos e patrocinados pelas grandes cervejarias, só que em uma proporção um
pouco menor, é claro! A importância desses eventos vai além da demonstração de
que o livro tem o seu público, conforme analisam os próprios escritores.
Feiras, encontros de escritores, saraus e recitais, uma gama muito grande de
outros eventos literários, que mesmo classificados em outras categorias que não
as grandes Feiras, onde “algumas” esquecidas em suas regiões fazendo mesmo a diferença
e não são esquecidas pelas estatísticas, mas, são números, incentivam a
retomada do debate em torno da literatura, por meio de atividades como: trocas
de publicações, bate papos com autores, interação e intercâmbio entre leitores,
escritores, editores e pessoas ligadas à área.
Não nos deixa dúvidas de que o motivo principal e
que dá muita importância ao ressurgimento das feiras literárias no Brasil,
segundo afirmam, foi com o sucesso da Festa Literária Internacional de Paraty,
no Rio de Janeiro; como hoje também se pode muito esperar da promessa de a
Bahia ter motivos para comemorar com a enorme surpresa que é a FLICA - Festa
Literária Internacional de Cachoeira, no Recôncavo baiano; como discordo que
dessas estatísticas fiquem de fora o Belô Poético de Montes Claros/MG; o
ENEB-Encontro de Escritores Baianos, em Salvador/BA e tantos outros eventos que
muito significam em contribuição para o aumento e crescimento de uma cultura,
já a muito massacrada pelo sistema, mas, mostra que a “nossa resistência” vem
apresentando resultados significativos e que os números não acompanham a real
situação.
Desde 2006, que o BNDES investe em projetos do
mercado editorial brasileiro, empregando mais de 1,2 bilhões de reais para
financiar idéias que fomentem a leitura, uma parte significativa dessa quantia
destinou-se exclusivamente para Feiras e eventos literários. “Quem não lê,
pouco sabe/em nada opina, só ouviu dizer”.
*Roberto Leal é jornalista e
escritor, é editor da revista de Literatura Òmnira (do Brasil), autor de vários
livros, dentre eles “Cárcere de Poemas” Ed. Òmnira/BA-2000 e “C’alô &
Crônicas Feridas” Ed. Òmnira/BA 2015 (3ª Edição). É Fundador do Movimento
Literário Kutanga (Angola) e da ALA-Academia de Letras de Angola, é também
presidente da UBESC - União Baiana de Escritores/BA-Brasil.
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