sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Choveu Literatura em Salvador no III ENEBI

Publicado por Roberto Leal As sexta-feira, 18 de outubro de 2013  | Sem Comentarios

O ENEBI é muito mais que um encontro.
Nem mesmo a tempestade torrencial surpresa que se abateu sobre Salvador na última quinta-feira por todo o dia, foi suficiente para afastar o público amante da boa literatura que marcou presença, batendo cartão no III ENEBI – Encontro de Escritores Baianos independentes, realizado pela UBESC - União Baiana de Escritores., nos dias 10 e 11 de outubro (quinta e sexta-feira), na Biblioteca Pública Thales de Azevedo, no Costa Azul, em Salvador. É verdade que o encontro perdeu um pouco da sua programação diante da ausência, desfalque providencial de alguns participantes e ganhou muito na continuidade aguerrida da coordenação do evento que soube remediavelmente o que haveria de apresentar naquele momento de grande expectativa, daquele que é o único encontro de escritores de que se tem conhecimento na Bahia. Para justificar esse acontecimento as presenças marcantes da professora da UESB, a angolana Zilda Freitas, da desembargadora Luislinda Valois (a primeira juíza negra do país), da Vice- prefeita Célia Sacramento, do jornalista César Rasec (ex-A Tarde), do cordelista Zéwalter e do escritor Tom Lira (Brumado/BA), do Presidente da Academia de Artes e Educação de Valença Araken Vaz Galvão (Valença/BA), da escritora Lene Muniz (Pres. Tancredo Neves/BA), do escritor e historiador João Rocha Sobrinho (Feira de Santana/BA) e da bibliotecária Teresinha Santos (Boquira/BA), como também tantas outras atrações que fizeram desse espaço democrático e independente, uma mola propulsora de fortes energias literárias, em um dia como aquele, em que “literalmente” choveu letras em Salvador.

Tudo começou com a Concrecoisa do jornalista César Rasec, que deu as boas vindas a um auditório seleto e atencioso, nas imagens e sons que vem de uma poesia concreta, trabalhada com o objetivo de ser igual a todas as outras, mas diferente a cada imagem, e para aqueles que não assistiram, veja mais em www.concrecoisa.blogspot.com.

Profª Zilda Freitas e o mito.
A professora Zilda Freitas deu uma palestra show, onde interpretando o poema “Ulisses” de Fernando Pessoa, fez por vezes diagnósticos precisos, buscando um dialogo com o telespectador que preso diretamente àquelas palavras colocadas, explicitadas de forma cadenciada e melódica, não que isso tenha algo a ver com sua nacionalidade africana portuguesa, o que pode e deve explicar sua forma mais criativa de se manifestar através da poética portuguesa, que ora foi escolhida diante do universo maravilhoso que Fernando Pessoa representa para a literatura mundial. Citando com capacidade técnica os heterônimos, o que deixou o público aguçado com a idéia de provocá-la, buscando assiduamente interromper a sua fala de maneira a beber nessa nova fonte, beber desse nectar provocativo e revelador. Os exemplos foram sempre presentes a bordo da fala e da gesticulação que era muito forte, como se desse vida as palavras, explicitamente agradando aos presentes... Onde mostrou que a trajetória literária de Fernando Pessoa foi revisitada, repaginada e exposta com muita precisão e maestria. O que pode ser também presenciado no seu livro “Mito e Identidade Nacional na Poética de Fernando Pessoa”Ed. Independente/2013.


A madrinha Drª Luislinda Valois
Muito esperada, a desembargadora Luislinda Valois, a primeira juíza negra do país, apresentou-se a bordo da sua luta constante pela valorização do povo negro, pelo reconhecimento e pelo direito de igualdade, como sempre levantando a bandeira da Reparação já! Ali revelou segredos da sua trajetória jurídica, enumerou abusos do sistema, se emocionou, falou do circulo vicioso do judiciário que ocasiona na morosidade e sinalizou com uma nova obra literária em fase de conclusão “Negros do Brasil”; como também confidenciou que a pedido do povo, pensava com seriedade na  intenção de concorrer a uma vaga na Câmara Federal, havia acabado de chegar de Brasília, quando ao fechar das portas e prazos, filiou-se ao PSDB. E foi durante a realização do quadro “Ponto de Vista” que a desembargadora recebeu a visita da Vice-prefeita Célia Sacramento que se limitou a debater com o público presente as políticas públicas direcionadas ao livro e a leitura nas escolas públicas municipais, com a inclusão do escritor nesses espaços educacionais, o que traz muita expectativa para os autores baianos.

Pela “Passarela das Letras” desfilaram nos dois dias de muita literatura, a escritora infanto-juvenil Sandra Popoff, as poetisas Ametista Nunes, Estrela, Malu Ferreira e Varenka de Fátima, as escritoras Emérita Andrade Ramos, Sandra Stabile, Sarah Micucci e Thaiz Smile, os poetas Carlos Alberto Barreto, Douglas de Almeida, José da Boa Morte e Luiz Menezes; os escritores Antonio Milton Almeida, Carlos de Sena e Everaldo Oliveira. No Momento da Literatura Infantil, no Tabuleiro das Letrinhas Baianas, dois escritores chamaram atenção, o escritor mirim Lucas Yuri que teve sua obra consumida pelo público e o poeta recitador Tiago Oliveira, com “Zé o Gato Preto da Sorte”, que em breve ganhará as telas dos cinemas e tantos outros. Os Lançamentos aconteceram simultaneamente: “Zé da Binha: O Dom Quixote do Sertão’ Ed. Òmnira/BA-2013, de João Camilo Hernandes; “Coração Amargo em Flor” Ed. Òmnira/BA-2013 de Audelina Macieira, “As Noventa e Nove Moedas de Ouro” Ed. Armazém da Cultura/CE-2012 de José Walter Pires;  “Cromoterapia” de Maria da Conceição; “Educação: O Grande Segredo” Ed. Independente/BA-2013 DE Jucilene Correia Muniz e a REVISTA ÓMNIRA N º5, com autores de Angola, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, USA. Para fechar a celebração desse III ENEBI – Encontro de Escritores Baianos Independentes, o escritor Carlos Souza, foi convidado a  empossar a “Primeira Diretoria” na história da União Baiana de Escritores: Presidente: Roberto Leal; Vice-presidente: Rudival De Amparo; Secretária: Cymar Gaivota; Diretor Geral: Valdeck Almeida de Jesus; Diretora Adm. Financeira: Delci Silva Leal; Diretor de Marketing e Propaganda: Jorge Baptista Carrano e Diretor de Projetos: Marcelo de Oliveira Souza. De maneira, que foi letras a dar com pau, literatura para bater de cacete e tempestade de poesia, de cordel e de palavras para fortalecer a nossa cultura... Ano que vem tem mais, quando nos passarão a  chamar ENEB - Encontro de Escritores Baianos, pois a nossa independência já foi conquistada e vamos deixar chover, vamos deixar molhar, que no molhado é melhor de se brindar!

Texto e fotos: Roberto Leal

Fonte: ASCOM/UBESC

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