Entrada principal do Parque da Juventude |
Na semana em que começa o julgamento dos policiais militares
acusados de participação no episódio que ficou internacionalmente conhecido
como “O Massacre do Carandiru”, em 1992, quando 111 detentos foram brutalmente
assassinados na Casa de Detenção de São Paulo, quero falar daquele cenário que hoje
deu lugar ao “Parque da Juventude”, esse é o nome do point mais irado
culturalmente falando da capital paulista hoje, com 3 anos de inaugurado,
ocupou a área de todo o complexo penitenciário do Carandiru, local historicamente marcado por
violação aos direitos humanos, degradação urbana e violência, na Zona Norte da capital paulista,
no bairro de Santana. Naquele lugar de muitas histórias e lendas, se tem a
disposição do público: uma belíssima biblioteca, escolas de artes e cursos
profissionalizantes, área
esportiva, de caráter recreativo-esportivo, com quadras poliesportivas, espaços
para prática de skate e patins, pistas de cooper, entre outros ; ali outrora encontravam-se enfileirados
pavilhões repletos de detentos/reeducandos (como eram chamados a época) com
seus delitos incrustados no seu prontuário e na sua vida, carregando o rotulo
de que quem adentrava o Carandiru também fazia a sua própria história.
Vista interna da BSP |
A Biblioteca do Estado de São Paulo, que só não abre as
segundas-feiras, fica localizada para ser mais preciso, onde era situado o
pavilhão 2 “A triagem”, a sua frente um grande pátio envolto em passarelas e
trilhas nada condizente com a suposta flora da Divinéia, área de boas vindas aos
visitantes que visitavam o presidio. Nas suas prateleiras é possível encontrar
como toda Biblioteca que se respeita, os grandes autores, os grandes clássicos,
onde se podem ler todos os jornais do dia e consultar, solicitar publicações, ler
revistas, usufruir de um completo parque de informática bastante equipado e
atualizado, para o deleite do usuário.
Dividida em térreo e primeiro andar, a biblioteca priorizou o
andar térreo só para os baixinhos e suas programações, a exclusividade torna o final
de semana do lugar bem agradável, onde famílias inteiras frequentam as
atividades, com cabines de leitura, brinquedoteca e muitas cores e letras. A
programação é sempre recheada de eventos e atividades culturais e o público da
maior idade não poderia ficar de fora, o Projeto
+ 60 durante toda semana promove saraus poéticos, cursos, oficinas e outras
atividades para os idosos. O atendimento é 10, funcionários sempre dispostos a atender bem e se voce
quer saber mais sobre a BSP ou quer fazer uma doação de livros acesse: www.bibliotecadesaopaulo.org.br.
Outros dois prédios nos chamam atenção para as Etecs (Escolas Técnicas),
que oferecem cursos tecnicos de enfermagem, informática, música, canto, dentre tantos
outros. Um, ficando bem na entrada do Parque onde ficava situado o pavilhão da
administração e o 4 (o da enfermaria), o outro prédio mais atras seria entre os
pavilhões 6 (onde ficavam os estrangeiros e funcionava o Teatro/cinema) e o
7. E o restante é a Area Central ocupada
em caráter recreativo-contemplativo, com trilhas, caminhos ajardinados,
passarelas, entre outros elementos que remetem mais à idéia tradicional de
"parque". Um monumento se
destaca pela beleza e singularidade, nas imediações de onde se situava o
pavilhão 5 (Pavilhão do Seguro) e o 8 (pavilhão
dos reincidentes e um dos mais problemáticos do sistema penitenciário), um arco
aberto com um grande sino dependurado, na cor dourada, onde se pode ler a
inscrição “ Marco da Paz” como se uma homenagem permanente esteja sendo feita
aqueles que por ali outrora passaram, entre os portões que ligavam o pavilhão 8
ao 9 e próximo a cozinha, onde se tem também um bosque em vegetação bem verde,
completando o espetáculo ao fundo do monumento, já com aparência de mata
nativa.
Uma funcionária que preferiu não se identificar afirmou em
tom supersticioso “no prédio da escola acontecem coisas” como se citasse o
sobrenatural lendário do lugar. A construção de um parque cultural no local do Carandiru foi considerado um
ato simbólico por parte do Governo do Estado no sentido de livrar o local do
estigma de violência. “O que era o inferno deu lugar a um paraiso cultural
repleto de causos, lendas e histórias” disse um funcionário que não quiz se
identificar (os funcionários não estão autorizados a falar...). Na época o
maior presídio da America Latina, tinha uma população de 8.700 homens
amontoados, naquilo que consideravam um imenso deposito de seres humanos, o que
era um orgulho para os paulistanos e imigrantes que lá trabalhavam e usavam tal
referencia do lugar, devido a sua retrospectiva de grandes rebeliões, marcada
pela maior população carcerária e pelo regime interno disciplinar, um dos mais
respeitados e rigorosos do país.
Roberto LealJornalista
Como vai amigo!... Roberto Leal, (Beto Correia)... tudo bom! Sorte e sucesso, abraços!!
ResponderExcluirDesde "Rebeldes Azuis" que não nos falamos, é muito pouco as palavras para os amigos que fomos/somos... Agora o reaparecimento, trabalhos diferenciados apesar que no mesmo sentido, nos encontrando novamente, manda novidades dai que tenho muitas de cá... O negócio hoje é publicar, gostou da matéria sobre a Biblioteca de São Paulo ocupando o espaço deixado por aquele cadeião?
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