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Mas por que Arthur Bispo o
escolhido? Ele seria uma pessoa comum como outra qualquer, se não fosse por um
detalhe, Bispo conversava com Deus, pelo menos é o que ele afirmava, quando
saia gritando pelas ruas, a cada surto, mais tarde diagnosticado de
esquizofrenia paranoica. Foi às igrejas da cidade e ao mosteiro, afirmando ser
o enviado de Deus para o fim dos dias. Lógico que esta afirmativa repercutiria
negativamente na sua vida, aos “trinta anos” foi internado em um hospício onde
ficou durante cinquenta anos, não consecutivos, saindo periodicamente de lá
para se encontrar e conversar com Deus.
Ele viveu a sua vida entre a
esquizofrenia e o dom artístico, revelando para o mundo uma nova visão. Muitos
estudos foram feitos sobre esse artista. Até hoje médicos, psiquiatras e
estudiosos ainda não sabem se foi à arte quem deu vida à loucura ou se a
loucura quem deu origem à arte recicladamente “bispariana”. Atualmente tendo
seu talento reconhecido internacionalmente, o artista plástico Arthur Bispo do
Rosário viveu na Colônia Juliano Moreira em completo anonimato durante muitos
anos, até ter seu talento reconhecido e descoberto pelo cineasta Hugo Denizart,
que dirigia um documentário na época sobre o sanatório.
As obras de arte de Bispo do
Rosário representam os dias de hoje, a atualidade vivida e presenciada por
todos, com tanta semelhança que chega a impressionar. Seu trabalho reflete e
remete-nos ao fim do mundo e tudo foi produzido com materiais reciclados,
restos da sociedade ou ainda trecos e cacarecos que ele pedia aos familiares dos
outros internos. Praticava a reciclagem, algo comum e relativo aos dias atuais,
algo surpreendente nos anos 70 e 80. Era como se estivesse prevendo o futuro. Ele
dava vida as suas obras em uma cela, que ele mesmo pedia para ficar recluso quando
tinha necessidade de conversar com Deus. Uma das peças que mais surpreendem é o
conhecido manto da apresentação, não apenas pela imponência da obra em si, mas
pela arte e pelos bordados típicos da região de onde ele nasceu.
Várias publicações e obras
abordam a sua trajetória de vida, dentre elas Arte e Loucura: Arthur Bispo do
Rosário, de Jorge Anthônio e Silva ou o documentário Arthur Bispo do Rosário:
Prisioneiro da Passagem, de Hugo Denizart, ou ainda o filme O Senhor do
Labirinto dirigido por Geraldo Motta, fora outros títulos e teses de
psiquiatria, dos quais virou o assunto central. Arthur Bispo do Rosário,
sergipano, esquizofrênico paranoico, artista plástico, revolucionário, foi um
homem que entre momentos alternados de loucura e plena lucidez, seguiu seus
próprios objetivos, ganhou fama e ficou marcado para sempre como o homem que conversava
com Deus e deu vida a arte das ruas, dos restos e dos aproveitáveis.
Roberto Leal
Jornalista
boa leitura e boa informação
ResponderExcluirEsse jornalista merece a nossa credibilidade...
ResponderExcluirImpossível controlar a emoção que sinto ao fazer esse simples comentário sobre a história de vida desse artista plástico esquizofrênico, que até então era desconhecido para mim. Principalmente por tratar-se de um conterrâneo,nascido em terras sergipanas como eu.Muito me orgulho desse artista que viveu isolado em um hospício por tantos anos.Arthur Bispo do Rosário,receba a minha prece e a minha gratidão por você ter feito parte do planeta Terra,tão necessitado de almas brilhantes como a sua,nos deixando o tesouro da sua arte.Creio que a sua conversa com Deus agora é muito mais prazerosa...Beijo de luz!
ResponderExcluirNão poderia deixar de parabenizar esse grande jornalista Roberto Leal por nos trazer tão rica informação.
Muito obrigado Maria Lúcia!
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