...Onde já se paga até para catar latinhas, daqui a mais alguns anos de evolução tecnológica carnavalesca, de tão elitizada e categórica que está essa que é umas das festas mais populares do planeta, o povo irá pagar até para pular de pipoca... Os anônimos perderam seus espaços, seus valores artísticos populares naturais momescos, para os burgueses, os bacanas, os milionários loteadores, das calçadas de rapaziadas bonitas, das fachadas, marquises e andaimes de primeira classe, regadas a muita cerveja, colorido e azaração. Carnaval esse, aonde uma barba chega a custar dois milhões de reais para tira-la do rosto, é mole ou quer mais? E penso que não vimos nada ainda, o pior ainda estará para acontecer, a aparente segregação poderá dar lugar à escravidão do povo da periferia, do povo pobre, do povo do isopor, das barracas de comida, do churrasquinho de gato, dos lanches rápidos, dos cordeiros e dos recicladores, que só farão trabalhar para o mundo globalizado e a avenida será somente um sonho dantes real... Depois de terem a realidade nas mãos, de serem foliões, será somente mão de obra, será somente massa de manobra para a nação, que porta com muita exatidão o dinheiro nas mãos... Que lembranças tenho do Olodum saindo no Maciel de Cima, da bateria do Alvorada chamando a boemia, na sexta feira meia noite até o amanhecer do dia, dos Lord’s com seus batuqueiros descendo e subindo as ruas do Santo Antônio sacudindo o asfalto com toda ousadia, do saudoso Secos & Molhados com seu sarongue de toalha e sua sombrinha, como lembro dos Amigos da Vovó, dos Internacionais e dos Corujas...Brincávamos carnaval chupando umbu, comendo cachorro quente e bebendo cerveja, trocando empurrões e esperando o trio de Dodô e Osmar pintar a avenida, toda colorida, quase sempre travestida a base de chita, jogando confete no Pierrot e na Colombina; era carnaval cidade e estávamos ligados em você, era tudo alegria e a riqueza cultural era nós quem fazia, fosse a noite ou a luz do dia e o asfalto era o palco da nossa fantasia...
Bom, tempos bons que até eu gostária de presenciar, mas tive também que pudesse me falar sobre o carnaval da época, meu pai. Tenho ainda uma foto do meu pai vestindo trajes coloridos atrás de um trio de carnval. Eu o perguntei pai, mas que roupa brega?...Ele me respondeu, "não filho brega é hj onde não se vê mais alegria nas cores, nem nas canções cantadas atualmente". Como queria ao menos pegar um pedacinho desse tempo, trago só uma pequena memória de quando eu era bem pequeno, nos braços da minha mãe.
ResponderExcluirUm grande abraço meu caro amigo, Roberto Leal!
Gosto desse jornalismo comunitário social, que faz Roberto Leal (o detonador), jornalismo de quem não tem papas na língua, de quem não tem medo de nada, a favor do povo, a favor da sua gente, a favor dos menos favorecidos, está de parabéns...Existe jornalismo melhor? Um exemplo para aqueles que dizem trabalhar para o povo, mas na realidade, são meros borra botas!
ResponderExcluirMeu grande abraço a Roberto Leal e aos meus amigos baianos que pensam como eu e se não pensam é por que não tem cérebro.
Dominique Alagbaro
contista/Mg
Excelente texto cara, ou melhor perfeitas lembranças. Infelizmente enquantou houver quem faça, quem pague, quem rale a bunda no chão, quem ache que diversão é banalização essa maquina não parará e ainda acabará com muitos sonhos. Abraços
ResponderExcluirhttp://poesiafotocritica.blogspot.com/
Essa discurssão vai muito além se formos olhar do de vista da violência...O carnaval além de ser coisa de rico, não é para crianças e nem para os considerados fracos...Os caras vão para a rua esmurar o rosto dos humildes, veja se tem lógica isso? O carnaval é para rico, malhado bombado e adultos vestidos de camisetas, se dizendo abadás, as fantasias, verdadeiras belezas, estão enterradas vivas nas cabeças dos estilistas carnavalescos( extintos)...É muita hipocrisia!
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