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O psicologo Pedro Fula já foi matéria de capa em jornal |
Entre tantos imigrantes e cada um com sua
história para contar, entre eles estão engenheiros de diversas áreas,
professores universitários e até um médico e um psicólogo estão trabalhando de
gari, varrendo as ruas de São Paulo. A estimativa é de que pelo menos 50 dos
311 estrangeiros contratados pela Inova, empresa responsável pela limpeza
pública de parte da cidade, têm diploma de ensino superior. Fugindo do caos
político nos seus países de origem, como: Angola, que enfrenta uma das maiores
crises econômicas da sua história e sofrendo com uma epidemia de febre amarela
e tifoide, o Congo vive imerso em uma violenta guerra civil há 20 anos, com
saldo de mais de seis milhões de mortos e a Nigéria, que enfrenta o terrorismo
em um novo governo, todos na África, esses estrangeiros têm migrado para o
Brasil em busca de uma vida melhor, sem grandes sofrimentos, mas, sabem que
devem trabalhar que devem lutar e sonham em trazer para cá suas famílias. De
todos eles, os congoleses são os mais prejudicados, muitos perderam o contato
com parentes e familiares desde que chegaram ao Brasil, alguns já fazem dois
anos.
Uma recente
reviravolta política em vários países do continente africano provocou uma onda
de imigração rumo ao Brasil. Foi assim que o engenheiro agrônomo congolês
Reagan Mukimalio, 24, desembarcou no país, há nove meses e há quatro trabalha
para a Inova. Em seu país, Mukimalio trabalhava para a FAO - Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, no comando de uma equipe que
produzia adubo a partir de compostagem. Em São Paulo, o engenheiro passou a
pegar no pesado, no programa de compostagem da Inova na Lapa (zona oeste),
produzindo adubo a partir dos restos das 26 feiras do bairro. "No meu país
sou perseguido político. Prefiro ser trabalhador braçal vivo aqui, do que um
intelectual morto na África", diz Mukimalio. Ele diz que está mais feliz
aqui. "Amo o Brasil, terra abençoada, aqui há paz. Aqui o Estado funciona,
há garantias para o cidadão que não existem em meu país. Quero trazer minha
família", contou o engenheiro. Ele tem mulher e um filho de 10 meses em
Kinshasa, capital do Congo. "Preciso juntar 6.000 dólares para isso",
disse Mukimalio, que ganha R$ 1.059 por mês. A Inova, empresa responsável pela
limpeza urbana da região noroeste da cidade, abriu em maio de 2015 um programa
para possibilitar a integração e recolocação de imigrantes e refugiados.
O psicólogo
angolano Pedro dos Santos Fula, 38, tinha um consultório em Luanda, capital de
Angola. Depois de uma disputa familiar por herança, diz que foi ameaçado por
parentes e a única opção que teve foi fugir para o Brasil com o filho de seis
anos, deixando a mulher e um filho de dois anos para trás. Atualmente, trabalha
como Gari. "A situação política é caótica no meu país, a Justiça é
precária e a polícia não garante a segurança dos cidadãos. Por isso tive que
fugir para o Brasil", diz Fula. Formado na Universidade de Kinshasa, na
capital da vizinha República Democrática do Congo, e fluente em quatro línguas,
o psicólogo está no Brasil há quatro meses. "Já arrumei emprego, meu filho
está na escola. Aqui tem segurança e estabilidade", afirma Fula, que pretende
buscar a legalização do seu diploma, para que possa voltar a trabalhar como
psicólogo.
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Os congoleses Eric, Tom e Mfumu estão otimistas |
Existem ainda
mais 102 pessoas com formação técnica trabalhando na varrição das ruas da
capital paulista. É o caso dos congoleses Eric Mulaza Kakodi, 30, topógrafo,
Ton Ton Madeko, 29, mecânico, e Mfumu Kausokwa, 34, mecânico. Que se dizem
perseguidos políticos, eles sonham voltar a exercer suas reais
funções."Vocês não sabem a benção que é não ter guerra e ter democracia.
Aqui, a presidente está saindo e ninguém morreu. No Congo, quando muda o
governo logo matam a oposição", diz Kakodi.
Segundo a
empresa, o projeto é uma parceria com o CATE - Centro de Apoio ao Trabalho e
Empreendedorismo e do CRAI - Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes.
Ela garante apoio jurídico, informações sobre regularização migratória,
documentação, cursos de qualificação, atendimento gratuito com profissionais de
psicologia e acesso aos serviços públicos municipais. Segundo o presidente da
Inova, Reginaldo Bezerra, com a entrada dos estrangeiros houve um bom
percentual de aumento na produtividade das equipes operacionais e diminuição na
rotatividade. "São profissionais comprometidos, dedicados, disciplinados e
que motivam os outros colaboradores a partir do exemplo de conduta
profissional.” elogiou.
Texto: Fábio
Pagotto & Roberto Leal
Fotos:
Divulgação (Jornal Agora/SP)
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